Resumo da minha participação no 39º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2019)

De 15 a 18 de julho de 2019 participei do 39º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2019), em Belém, PA. Como de costume, de modo a me forçar a prestar atenção às apresentações e para tentar compartilhar o conhecimento com outros, escrevi breves resumos das apresentações que assisti. O CSBC é composto por vários eventos que ocorrem em paralelo, portanto fui escolhendo aqueles que achei que me seriam mais proveitosos.

 

Segunda-feira:

Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Computação (Fórum PG):

O fórum foi aberto pelo atual coordenador, prof. Adenilso Simão (ICMC/USP), que apresentou a pauta do dia e deu início à reunião.

O primeiro assunto da pauta, Referenciais de Formação para a Pós-Graduação Stricto Sensu em Computação, foi apresentado pela profª. Renata Araujo (Mackenzie), Diretora de Educação da SBC (terminando a gestão este ano). Renata descreveu (veja slides) o processo seguido por uma comissão formada para discutir tais referenciais. Uma versão inicial do documento produzido por esta comissão foi compartilhada por e-mail com o fórum, mas o documento será também divulgado oficialmente em breve. Renata encerrou a apresentação pedindo ao fórum que não esqueça da Diretoria de Educação da SBC e continue trabalhando bastante junto da mesma.

Ao ser questionada sobre como avaliar a formação, Renata esclareceu que o documento foi pensado em formação e não avaliação. A avaliação de formação é inerentemente subjetiva e os referenciais podem servir como base para que coordenadores escrevam na proposta de programa o que esperam dos seus egressos e como avaliaram isso ao final do processo. Renata sugeriu também uma atitude pró-ativa do fórum para estabelecer uma proposta de avaliação junto da Diretoria de Educação da SBC para enviar como sugestão à Comissão de Área de Ciência da Computação da CAPES (CA-CC).

Na sequência, o prof. José Augusto Suruagy Monteiro (UFPE) apresentou uma Proposta de Pauta (não só) para os Programas Profissionais (veja slides). Falou sobre a nova ficha de avaliação para programas profissionais e como a CA-CC deu abertura para contribuição. Relatou as atividades de um Grupo de Trabalho (GT) montado no Fórum para discutir como reportar e avaliar produção técnica, no qual foram discutidos 62 tipos de produção técnica. Mais recentemente, a CAPES lançou um relatório do seu GT-Produção Técnica, em que são listados 21 produtos. A CAPES quer que cada área escolha 10 destes 21 como relevantes para a área, o Fórum deveria participar desta discussão.

Suruagy falou também sobre a proposta do Doutorado Profissional, estabelecido pela Portaria nº 60 da CAPES, publicada em 20/03/2019. Segundo ele, esta nova modalidade foi proposta para que as pesquisas feitas nos PPGs tenham impacto na sociedade, forçando uma interação com a indústria, algo que os programas acadêmicos já deveriam fazer. Trouxe, para a discussão do Doutorado Profissional, discussões anteriores já feitas no contexto do Mestrado Profissional, que já existe há um tempo. Propôs que o Fórum continue a discutir estas questões. Ao abrir para perguntas, uma das manifestações foi no sentido de também responder à sociedade que não é verdade que os PPGs não têm impacto, pois muitos egressos vão trabalhar para grandes empresas no exterior, por exemplo. Eu mencionei também das dificuldades com o relacionamento com empresas como, por exemplo, insegurança jurídica.

Adenilso convidou para o próximo assunto a profª. Aletéia de Araújo (UNB), que relatou que em sua instituição há um programa acadêmico e um profissional e o programa acadêmico impôs uma divisão das publicações entre acadêmicas e profissionais no registro na Plataforma Sucupira (o professor deve escolher em qual Proposta de Programa lançar cada publicação). No entanto, outros programas não fazem esta divisão e isso prejudica a avaliação do programa profissional, portanto gostaria de uma posição do Fórum quanto ao que deveria fazer. A posição do fórum foi favorável a não dividir as publicações e isso deve ser colocado para a reunião com a CA-CC na parte da tarde para que a professora tenha uma posição do CA na hora de lançar as publicações, a despeito do que pensa o programa acadêmico.

Passando ao próximo assunto — Qualis –, Adenilso relatou sobre a participação na reunião sobre o novo Qualis Periódico, algo que já foi relatado por e-mail na lista do fórum (interessados, procurem o coordenador do seu PPG, vejam também o relato da parte da tarde, mais abaixo, em que o assunto foi retomado). Falou sobre o Qualis unificado (uma nota única para todas as áreas, o que deixa o Qualis mais previsível), de como a CAPES determinou qual área iria determinar o Qualis único dos periódicos (o GT da Computação trabalhou para reduzir distorções). Mencionou que a CAPES disse, na reunião, que este Qualis não será divulgado antecipadamente, apesar de ser usado na próxima quadrienal.

Relatou que os grupos tiveram autonomia para promoção e demoção de periódicos (ex.: os periódicos da SBC foram promovidos, periódicos predatórios ou que não são periódicos — anais de eventos no LNCS — foram demovidos). Agora os níveis A e B tem 4 notas (A1, A2, A3, A4, B1, B2, B3, B4), divididos em veículos acima da mediana (notas A1-A4, que são consideradas o novo indice restrito) e abaixo da mediana (notas B1-B4). Não há uma relação entre os níveis anteriores e os novos (não dá pra dizer que o antigo B1 é o novo A3 ou A4).

Sobre Qualis Eventos (Qualis Conferências), assunto também de outro e-mail compartilhado com o fórum, falou como essa questão é uma peculiaridade da Computação. Para montar este Qualis, foi criada uma planilha com 11.000 publicações dos últimos 2 anos (2017-2018), só que para fazer uma análise é preciso saber com precisão o evento de cada publicação e cada docente registra o nome do evento de uma forma diferente. Com suporte computacional, tentou-se determinar o nome canônico do evento de cada publicação, mas não tem 100% de precisão. Pede-se que os coordenadores revisem as publicações até segunda-feira 22/07 (pedido que já foi feito na lista de e-mails do Fórum).

Questionado sobre as regras de avaliação, Adenilso disse que ainda não estão decididas, mas provavelmente será aplicado um critério único para tudo. Perguntei sobre os eventos bienais, que possuem H5 prejudicado. Adenilso disse que assim como as mega-conferências (H5 inflado), este item está também na pauta. Disse que as listas de eventos importantes que as Comissões Especiais da SBC contribuirão para as notas destes eventos, portanto sugeriu que tais eventos bienais importantes fossem indicados nas CEs.

Adenilso falou brevemente sobre a Reunião de Meio Termo da CAPES e sobre a nova avaliação da CAPES (relatórios também disponíveis no site da CAPES), que traz uma ênfase maior nos egressos e na autoavaliação do programa, alinhada com as metas institucionais das respectivas Universidades (IES). Adenilso mencionou que a abertura da CA-CC deu ao fórum foi bastante positiva e não houve nenhuma sugestão do fórum que tenha sido sumariamente ignorada, todas elas tiveram algum impacto no novo documento de área.

Ao final da parte da manhã, o prof. Jacques Brancher (UEL), responsável pelo POSCOMP, relatou que no processo de organização do exame ele faz uma análise das linhas de pesquisa dos programas a partir do Sucupira e posteriormente nos sites dos programas. Pediu que os coordenadores publiquem nos sites informações das linhas de pesquisa atualizadas e completas. Sugeriu ainda ao Fórum que faça uma discussão para sistematizar a definição de áreas de concentração e linhas de pesquisa nos diferentes programas.


A parte da tarde começou com a reunião do Fórum com a Comissão de Área de Ciência da Computação da CAPES (CA-CC), formada pelos profs. Paulo Cunha (UFPE, coordenador), José Carlos Maldonado (ICMC-USP, programas acadêmicos) e Avelino Zorzo (PUC-RS, programas profissionais).

Paulo Cunha começou agradecendo a colaboração do Fórum com as atividades da CA-CC como, por exemplo, na classificação de periódicos e eventos e ressaltou que estamos passando por uma fase de muita mudança na CAPES. Em seguida fez uma apresentação do novo documento de área (veja slides), indicando que há algumas coisas nele com bastante orientação da CAPES (em particular a parte sobre o futuro da área), enquanto outras ficaram mais abertas para definição da área. Tal documento foi construído com base no documento de área 2013-2016, planos de trabalho encaminhados para a CAPES, relatório da quadrienal 2013-2016, nova ficha de avaliação, GTs CAPES sobre Autoavaliação, Eventos e Qualis, relatório de acompanhamento do PNPG (Plano Nacional da Pós-Graduação) e diretrizes de formação em pós-graduação (SBC).

Relatou sobre a criação de novos cursos (APCN), trazendo alguns números atualizados da pós-graduação em Computação: quantidade de programas e cursos, distribuição por região, formação de mestres e doutores, publicações, etc. (alguns dos quais já haviam sido apresentados ano passado). Falou também das tendências, incluindo formação de mestres e doutores; computação em outras áreas do conhecimento; computação como uma área em evolução; indústria 4.0; o fato de ainda faltar mão de obra qualificada; graduação bem distribuída, mas pós-graduação ainda em consolidação; reforço no impacto da produção bibliográfica e técnica (não só Qualis), etc.

Apresentou a nova ficha de avaliação, dividida em Programa, Formação e Impacto na Sociedade. Falou sobre o que será avaliado em cada um dos seguintes itens (seguindo ainda a estrutura antiga): Estrutura do Programa, Corpo Docente, Corpo Discente, Produção Intelectual e Impacto na Sociedade. Em seguida, falou da interdisciplinaridade, que é um ponto que a CAPES tem dado atenção e que a Computação tem vocação. Trabalhos interdisciplinares serão valorizados, vide o novo Qualis Periódico que não tem mais fatores redutores para periódicos de outras áreas.

Nas considerações sobre o futuro, falou do potencial de geração de produção técnica/tecnológica, transformação de conhecimento, produção técnica de alto nível, foco em formação, produtos/processos patenteáveis e software. Sobre planejamento e autoavaliação, a ideia é fazer com que a pós-graduação esteja alinhada com a estratégia institucional e que os programas façam suas autoavaliações constantemente, como instrumento para melhoria. Também será valorizado o impacto regional e a redução de assimetrias: programas devem possuir estratégias para contribuir com suas regiões. Internacionalização continua importante como sempre, sendo avaliada na visão externa (consultores estrangeiros). Começam a aparecer cursos em modalidade à distância, a CA-CC no entanto colocou restrições fortes para um programa abrir cursos nesta modalidade.

Passando a palavra para Maldonado, que falou sobre a reunião de meio-termo da CAPES, que acontecerá nos dias 26/08 das 9h às 18h30 e 27/08 das 9h às 17h. A programação inclui abertura e apresentação da área, seguida de apresentação dos programas, síntese da avaliação de meio-termo, discussão e fechamento. Os programas terão para suas apresentações: 2 min (novos), 5 min (nota 3 e 4), 7 minutos (notas 5, 6 e 7). A CA-CC disponibilizou então templates para os slides, que foram demonstrados na reunião.

Por fim, falou Avelino sobre o GT Qualis (veja slides), que produziu um relatório que foi circulado no Fórum e está ainda para ser aprovado pelo CTC/CAPES. O grupo, que deveria trabalhar o Qualis para todas as áreas, trabalhou na questão do uso de índices bibliométricos para definição do Qualis, para enfrentar os seguintes problemas: classificações distintas entre as áreas, diversidade de critérios de classificação e falta de comparabilidade entre as áreas. Em resumo, a proposta é ter apenas uma classificação por periódico, atribuída por uma área mãe (definição da área mãe ainda precisa melhorar), baseado em indicadores objetivos (Web of Science JIF, Scopus CiteScore e, se necessário, Google Scholar H5), gerando o Qualis unificado. A área mãe tinha certa liberdade para movimentar em 1 nível até 20% dos veículos e em 2 níveis até 10% dos veículos.

Uma classificação base (Qualis Referência) é feita com base no percentil dos periódicos em suas sub-áreas e não com o valor absoluto dos fatores de impacto, pois as áreas (e até as sub-áreas) apresentam números muito diferentes. Considerando o melhor valor do periódico em todas as áreas em que ele é classificado no JIF ou CiteScore, os limites mínimos são: 87,5 para A1; 75 para A2; 62,5 para A3; 50 para A4; 37,5 para B1; 25 para B2; 12,5 para B3; e valor máximo do 8º estrato inferior a 12,5 para B4. Periódicos que não estão nem no Web of Science nem no Scopus (segundo análise, 15 periódicos apenas) terão um CiteScore-equivalente construído a partir de um modelo de regressão baseado no H5 Google Scholar. Avelino sugeriu, então, que os programas retirem de seus regulamentos o Qualis e passem a usar os fatores de impacto.

Espera-se obter uma única classificação por periódico, com equivalência e comparabilidade, reprodutibilidade, uso de uma referência internacional (maior facilidade de explicar a avaliação de produção aos estrangeiros) e, em especial, população dos estratos sem limites pré-estabelecidos. Inclusive, um cálculo inicial feito por Avelino e Adenilso mostra que mais de 60% dos periódicos em que a Computação publicou encontra-se no índice restrito (A1-A4), o que estava sendo abafado anteriormente pelos limites (apenas 50% dos veículos poderiam ser classificados no índice restrito anteriormente). Em suma, Avelino espera que isso contribua para acabar com o Qualis-oriented researcher.

Em particular o Qualis da Computação (539 periódicos que a Computação foi área mãe) foi construído com base, além do Qualis Referência, nos resultados do GT Qualis, opinião das Comissões Especiais da SBC, ajuda do Fórum e uma comissão formada para isso. Para evitar rupturas muito significativas, com bastante parcimônia, e a partir de uma análise qualitativa, alguns periódicos que caíram 2 níveis em relação ao Qualis anterior aumentaram em 1 nível e alguns periódicos que caíram mais de 2 níveis em relação ao Qualis anterior aumentaram 2 níveis, bem abaixo dos limites que a área tinha. Como indução, 5 periódicos da SBC foram aumentados em 2 níveis e o JBCS foi aumentado em 3 níveis (com uma trava em A2). Já periódicos que publicam anais de evento e predatórios foram classificados como C.

Ao final das apresentações, abriu-se para perguntas, segue um resumo:

  • Vai ter problema no novo Qualis se o periódico é open access? Se ele tiver os indicadores, não vai ter problema.
  • Já tem definição dos pesos por item na ficha de avaliação? Já estão definidos, mas ainda não foi aprovado pelo CTC/CAPES. Foram colocados pesos menores em fatores novos, para facilitar a transição. O que foi submetido para aprovação do CTC/CAPES será o seguinte (vide a nova ficha para saber o que são os sub-itens): no Item 1 (Programa), 30% para 1.1, 40% para 1.2, 15% para 1.3 e 15% para 1.4; no Item 2 (Formação), 25% para 2.1, 25% para 2.2, 10% para 2.3, 30% para 2.4 e 10% para 2.5; no Item 3 (Impacto na Sociedade), 45% para 3.1, 25% para 3.2 e 30% para 3.3. Lembrou-se que estes percentuais, apesar de não estarem na divulgação oficial da nova ficha pela CAPES, foram incluídos em relatório preliminar compartilhado com o Fórum.
  • Divisão de publicações de docentes que participam de mais de um programa: como vão ser tratadas? Ainda não há definição. Não há risco da produção ser eliminada de todos os programas, mas ainda não tem um critério específico para determinar à qual programa pertence. Isso pode ser construído junto. Há, no entanto, uma indicação de que o foco será no discente (vide itens na ficha de avaliação).
  • Como serão classificados os Workshops que fazem parte de eventos maiores? Não tem ainda uma definição. Estão aguardando ter um retrato da área, que será feito a partir da atualização da planilha que Adenilso compartilhou e das posições das CEs/SBC.
  • Algumas áreas tem usado H5 Scopus para avaliação dos docentes e H2 para avaliação de programas. Será usado pela Computação? Não.
  • Como estão pensando em avaliar os itens 2.1 (qualidade e adequação das teses e dissertações) e 2.2 (qualidade da produção intelectual de discentes e egressos)? Da mesma forma que foram avaliadas na quadrienal passada. Para o 2.2 serão olhadas as publicações dos discentes. O 2.1 é qualitativo, olhando distribuição, prêmios, qualidade das bancas, etc.
  • Por conta das mudanças na avaliação, em particular vendo o avanço da área de Computação, mas por outro lado observando os cortes que vem acontecendo, qual o sentimento da CA-CC com relação à quantidade de programas Nota 5, 6 e 7? Os cortes não devem influenciar e não há uma pré-determinação de promover ou demover mais ou menos programas. Tudo vai depender da avaliação de cada programa: se ele melhorar significativamente em todos os critérios, sobre de nota. Se piorar significativamente, desce de nota. “Só ter produção científica basta para melhorar ou diminuir de nota” é uma lenda urbana. Vide slide dos índices iRestrito e iGeral da quadrienal 2013-2016 e observe o desvio padrão. Observem também que há novidades nesta nova ficha de avaliação, como por exemplo a produção tecnológica.
  • O que entra no denominador dos índices? O número de docentes permanentes substitui o conceito de docente ativo. Não valia a pena manter um conceito diferente de todas as outras áreas. Em sua grande maioria, os conceitos de professor permanente e professor ativo, na prática, coincidem.
  • O Qualis será divulgado? A resposta da Diretora de Avaliação é não. No seminário de meio-termo será feita uma análise das publicações 2017-2018 dos programas relatadas na Plataforma Sucupira. É razoável que a Diretoria de Avaliação seja cautelosa neste momento. Os programas e pesquisadores podem olhar as regras (os percentis) e estimar o Qualis por aí.
  • Docentes de programa nota 3 serão incluídos no processo de avaliação (grupos de trabalho, etc.)? Eles já participam como consultores da quadrienal (16,7% na última quadrienal), avaliação de APCNs, etc. Em alguns grupos, dependendo do assunto, é mais comum haver pesquisadores com mais experiência.
  • Sobre os currículos e disciplinas obrigatórias das 3 áreas da computação, como vai ser? Como está no documento de área mesmo, com uma disciplina na 1ª área (pois um aluno na área de Computação tem que ter uma formação mínima no núcleo da Computação) e uma outra disciplina em qualquer uma das áreas (que pode ser na área que o programa/discente está mais voltado).

Ao final do dia, Adenilso passou aos dois últimos pontos de pauta: necessidade de uma reunião do Fórum no dia seguinte (se alguém teria algum tema a discutir) e eleição do novo coordenador do Fórum. Sobre o primeiro item, Jacques pediu para fazer uma reunião sobre POSCOMP e alguns membros do fórum manifestaram interesse, portanto Adenilso disse que iria ver uma sala com a organização do CSBC. Passado ao segundo e último item, Adenilso fraqueou a palavra para candidaturas voluntárias e indicações. Jacques pediu novamente a palavra e indicou o meu nome para a coordenação do Fórum, o que foi aprovado por aclamação pela assembléia.

 

Terça-feira:

Workshop sobre Educação em Computação (WEI):

Comecei o dia participando do WEI para assistir o painel Formação em Pós-Graduação: Competência e Impactos. Mediado pela profª. Renata Araujo (Mackenzie), participaram do painel o prof. José Augusto Suruagy Monteiro (UFPE), o prof. prof. Adenilso Simão (ICMC/USP) e o prof. Avelino Zorzo (PUC-RS).

Adenilso fez uma provocação a partir dos slides “Formação em pós-graduação: muito além de publicar por publicar”. Analisou as dimensões do trabalho de um acadêmico formado na pós-graduação: professor, orientador, pesquisador e gestor. O quanto a pós-graduação prepara o egresso nestas dimensões? De maneira geral, com exceção do aspecto pesquisador, não há uma preparação e o acadêmico acaba atuando a partir dos bons e maus exemplos que ele teve durante sua pós-graduação (em termos de docência e orientação) e não há preparação alguma para gestão. Em cima da provocação de Adenilso, Renata adicionou uma nova dimensão ao egresso: trabalhar na indústria.

Na sequência, Renata apresentou o tabalho do grupo que produziu os Referenciais de Formação para a Pós-Graduação Stricto Sensu em Computação, motivado pela ausência de definição formal do que é a pós-graduação e como deve ser a formação dos pós-graduandos. O grupo publicou um artigo na Computação Brasil e um documento inicial em dezembro de 2018. A versão atual do documento (não oficial, em construção) também está disponível. Renata ressaltou que a área de Computação é a primeria a ter formalizado discussões sobre este assunto em um documento.

Ela divide os referenciais em 7 eixos: pesquisa; desenvolvimento tecnológico e inovação; docência; organização da informação; comunicação; ética; e desenvolvimento pessoal. Para cada eixo, há uma lista de competências que um egresso do curso deve apresentar ao final de sua formação. As competências são diferentes para os diferentes níveis de pós-graduação (Mestrado Acadêmico, Mestrado Profissional, Doutorado Acadêmico) e são bastante detalhadas. A partir das competências, pode-se implementar ações que foram exemplificadas por Renata em sua apresentação. Os próximos passos do trabalho são a divulgação oficial do documento, seu uso e discussões contínuas.

Em seguida, Suruagy falou sobre Referenciais de Formação para os Doutorados Profissionais em Computação. Os Doutorados Profissionais, estabelecidos pela Portaria nº 60 da CAPES, publicada em 20/03/2019, tiveram recentemente a abertura de seu primeiro curso aprovada pelo Conselho Superior da CAPES. Como já falado anteriormente ao Fórum, disse da motivação de aproximar a academia com a indústria (a exemplo do DAI/CNPq) e trouxe as questões gerais sobre Mestrados Profissionais (de 2014), propondo algumas adaptações para o Doutorado Profissional.

Por fim, Avelino relatou discussões feitas na Comissão de Área de Ciência da Computação da CAPES (CA-CC), buscando uma melhor definição da formação no Documento de Área de Computação da CAPES, de modo a orientar a pós-graduação mais para a formação do que para a produção científica. Esta última deveria ser uma consequência de ações de formação do aluno.

Começando pelas tendências (já trazidas por Paulo Cunha na reunião do Fórum no dia anterior), Avelino ressaltou que a nova ficha de avaliação da CAPES divide-se em 3 categorias, uma das quais é Formação. Nos três itens há sub-itens que se relacionam com formação. No item Programa), por exemplo, pede-se que o currículo do curso esteja alinhado com o perfil do egresso desejado. Há um item específico para o acompanhamento de egressos. Do modo como está a nova avaliação, não vai mais ser suficiente formar um egresso para fazer pesquisa científica na Academia apenas, mas deve formar também para inovação na Indústria.

Ao final das exposições, Renata chamou também ao palco para o momento de debate outros dois membros do grupo que produziu o documento de referenciais de formação da pós-graduação: profª. Andreia Malucelli (PUC-PR) e prof. Luiz Chaimowicz (UFMG). Infelizmente não pude ficar para o debate, pois fui participar da reunião do Fórum sobre o POSCOMP.

Seminário de Computação na Universidade (SECOMU):

Após o almoço, assisti o painel Fomento a Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Tecnologia da Informação no SECOMU, mediado pelo prof. Wagner Meira (UFMG). Participaram do painel uma representante (não peguei o nome) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Sérgio Novaes (UNESP) e Carlos Pereira da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII). Por conta da demora no restaurante no almoço, cheguei uns 20 min atrasado infelizmente.

Quando cheguei, a representante da RNP já apresentando um pouco da estrutura da instituição. Em seguida apresentou o processo de inovação na RNP por meio de Grupos de Trabalho. Já foram realizadas 15 chamadas públicas, uma por ano (exceto 2016), realizado desde 2002. Já recebeu 491 propostas de todas as regiões do Brasil. De 8-9 projetos por ano são contemplados num modelo de pesquisa aplicada, geralmente projetos que já tiveram sua pesquisa científica fomentada por outras agências (CNPq, CAPES) e já tem como colocar as ideias em protótipos. Nesse processo, algumas start-ups já foram criadas.

Em seguida, relatou que em 2017 foi feito um diagnóstico de que a RNP fazia gestão de P&D, mas não de inovação. Nasceu assim um novo programa em que os grupos de pesquisa se aproximassem das start-ups, com uma coordenação acadêmica e, obrigatoriamente, um assistente de inovação (o empreendedor), dividindo 70% do recurso para o grupo de pesquisa e 30% para a start-up. A propriedade intelectual é dividida entre o grupo de pesquisa, a instituição de pesquisa e a start-up. Uma primeira rodada deste novo modelo já está rodando (inclusive com um projeto da UFES contemplado).

Falou também de outros recursos de P&D geridos pela RNP, como o PPI (Projetos/Programas Prioritários em Informática), que é parte da Lei de Informática, Desafio RNP e Microsoft, agora a Amazon AWS também já se interessou e a RNP vem trabalhando com empresas neste sentido. Também estão incluindo nos contratos de compras com fornecedores uma cláusula de reinvestimento para que uma parte do recurso possa retornar para P&D.

Carlos apresentou a EMBRAPII, uma organização social assim como a RNP, que desde 2013 apoia instituições de pesquisa tecnológica fomentando a inovação na indústria brasileira, por meio de projetos cooperativos entre ICTs e empresas. Como motivação, trouxe os desafios para o Brasil: 9º economia do mundo e 15º em publicações científicas, porém 64º em inovação, 72º em competitividade, com apenas 1,3% do PIB investido em P&D, com 60% público e 40% privado. Vê-se a necessidade de ampliar o investimento da indústria em PD&I com um formato de fomento diferenciado para este contexto (em particular, não dá pra seguir os mesmos tempos dos editais tradicionais). Valores: agilidade, eficiência, qualidade, ética e burocracia zero.

A EMBRAPII apóia pesquisas já em níveis intermediários de maturidade (4 a 7 na escala clássica de maturidade). Foram selecionados institutos ao redor do Brasil para serem Unidades EMBRAPII. Tais centros demonstraram ter excelência em pesquisa e inovação, com histórico em atender empresas e selecionadas por processo competitivo e criterioso de credenciamento. Atualmente há 42 Unidades (incluindo o IFES).

Uma vez selecionada, a Unidade assina um plano de ação para 6 anos. Projetos são discutidos diretamente entre empresa e Unidade, num fluxo contínuo de contratação, sem necessidade de edital. Isso agilizou bastante o fechamento de projetos (o recorde foram 5 dias) e permite que os projetos sejam ajustados/modificados durante o desenvolvimento. No entanto há controle: as Unidades são acompanhadas e devem cumprir seus planos de ação (2, inclusive, já foram descredenciadas por não cumprirem). Os fomento público para o projeto é limitado a um terço, com os demais recursos vindo da empresa ou da própria Unidade. Em 5 anos, já são mais de 755 projetos apoiados, 539 empresas parceiras, R$ 1,28 bilhão em projetos, 299 projetos concluídos com 186 pedidos de propriedade intelectual, em co-autoria Unidade-Empresa. 40% dos projetos são com empresas grandes, 40% com micro-empresas e start-ups.

Par fechar, citou as possíveis novas chamadas da EMBRAPII: IoT/Indústria 4.0, ROTA 2030 (setor automotivo), eHealth (com o Ministério da Saúde), chamadas específicas MEC/SETEC para novas unidades em IFs e MEC/SESU para novas unidades em UFs. A expectativa é que sejam lançadas ainda este ano.

Sérgio apresentou o AI2: Advanced Institute for Artificial Intelligence, cuja criação foi motivada pelo potencial que a Inteligência Artificial vem mostrando em diferentes análises econômicas recentes. No entanto, prevê-se que a adoção de IA vai aumentar as lacunas entre líderes e retardatários, desenvolvidos e emergentes, ricos e pobres. Muitos países já se preocuparam com isso e começaram políticas de estado para investimento em IA. Sérgio acredita que não se preocupar com isso é um caminho sem retorno e que pode prejudicar independência científica e econômica e até mesmo a segurança nacional e soberania do país.

O AI2 é uma iniciativa aberta, inclusiva, sem fins lucrativos e transversal, que cria um pool de especialistas em IA nas universidades e institutos de pesquisa e atrai uma rede de parceiros no setor privado que precisam de suporte em IA, facilitando a interação entre academia e indústria. Visa também atrair o interesse dos legisladores para que seja criada uma política de Estado em IA. São preocupações da iniciativa ter carga administrativa leve, porém com segurança fiscal e legal. A iniciativa está com seu estatuto em vias de conclusão, vendo a melhor forma de estabelecer a pessoa jurídica. No entanto, algumas oportunidades de trabalho já foram anunciadas no site.

Reunião CNPq/CAPES:

Após o intervalo, ocorreu a tradicional reunião com representantes do CNPq e da CAPES. Representaram o CNPq Adriana Tonini, Diretora de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas e Sociais; e Antônio Loureiro (UFMG), Coordenador da Área de Computação. Representando a CAPES estavam os membros da Comissão de Área de Ciência da Computação (CA-CC), formada pelos profs. Paulo Cunha (UFPE, coordenador), José Carlos Maldonado (ICMC-USP, programas acadêmicos) e Avelino Zorzo (PUC-RS, programas profissionais).

Adriana Tonini fez uma apresentação começando pelo cenário atual de inovação do Brasil, que caiu 22 posições em 7 anos em tecnologia e inovação, apesar de ocupar o 13º lugar nos rankings de ciência (produção de conhecimento). No entanto, a missão do CNPq é fomentar ciência, tecnologia e inovação. Explicou um pouco do funcionamento do CNPq, em particular o fomento, que vem do FNDCT, Tesouro/MCTIC e Parceiros Públicos e Privados e é aplicado na forma de seu Calendário, Chamadas Públicas e Projetos Especiais. Outros instrumentos de fomento ocorrem em parceria com os estados (FAPs), Ministérios e Agências. Falou do contingenciamento em diversos programas do CNPq, mas que acredita que os valores serão liberados nos próximos meses. Em seguida apresentou vários gráficos sobre investimentos do CNPq.

Antônio Loureiro complementou a fala da Adriana, ressaltando a importância dos pareceristas ad-hoc do CNPq fazerem um bom trabalho na produção de pareceres. Falou também sobre as dificuldades em montar um ranking nos últimos editais, como o de Produtividade (muitas submissões, utilizaram uma árvore de decisão ao invés de atribuição direta de notas) e o de Bolsas Especiais (juntou tipos de bolsas diferentes no mesmo edital, dificultando muito a comparação). De maneira geral, usou sua fala para relatar dificuldades enfrentadas pela Área de Computação. Por fim, Adriana lembrou que o valor que cada área recebe é proporcional à demanda bruta recebida, portanto pede que os pesquisadores e alunos não desistam e submetam aos diversos editais do CNPq.

Passando para a CAPES, Paulo Cunha iniou sua fala mencionando que várias mudanças tem acontecido recentemente, gerando uma grande quantidade de trabalho, e que este trabalho é feito de forma coletiva, com apoio de várias organizações, incluindo o Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Computação. Em seguida, trouxe muitas das informações que já haviam sido apresentadas ao Fórum no dia anterior.

Perguntas:

  • Para a CAPES: de onde vem o critério de saturação de 1 artigo em periódico para cada 3 de conferência? Maldonado: há alguns anos, para convencer a CAPES da importância das publicações em conferência na Computação, foram avaliadas as produções de pesquisadores altamente produtivos nos melhores programas de Computação do mundo e foi constatado que eles possuíam uma proporção de em torno de 3 artigos de conferência para cada artigo de periódico.
  • Para o CNPq: com o fim do Ciência Sem Fronteiras, por que o recurso não retornou para outras iniciativas? Adriana: porque o FNDCT está contingenciado, inclusive o CNPq está tirando de outros lugares para continuar pagando doutorandos do CsF que ainda estão no exterior. Estamos tentando reverter o contingenciamento para recuperar este recurso.
  • Para o CNPq: por que o CNPq não é mais rigoroso com os pesquisadores que assumiram o compromisso de dar pareceres ad-hoc (ex. suspendendo a bolsa)? Adriana: concordo, acho que deveria ser mais duro mesmo. Posso levar a provocação para a diretoria/presidência do CNPq. Há já uma campanha de conscientização dos pareceristas e uma modificação dos formulários.
  • Para o CNPq: por que o CA ao menos não usa isso (qualidade dos pareceres) como critério ao julgar pesquisadores que já são PQ? Antônio: os pareceres já são avaliados, porém eles não são usados ao julgar pesquisadores já PQ.
  • Para o CNPq: o problema do e-mail do CNPq não ser redirecionado ao e-mail institucional dos pesquisadores causa uma série de transtornos. Há previsão de resolver e voltarmos a receber mensagem em nossos e-mails institucionais? Adriana: estamos vendo isso com a TI. A medida foi tomada por conta de problemas com hackers. Lisandro: a SBC possui grupos que podem ajudar com esta questão. Adriana: vou conversar com o presidente do CNPq, a área de TI é toda terceirizada, portanto tenho que ver quais as possibilidades.

 

Quarta-feira:

Workshop sobre Educação em Computação (WEI):

Comecei o dia mais uma vez participando do WEI para assistir o painel Quão Engenharia é a Engenharia de Software?, conduzido pela profª. Damires Souza (IFPB), com participação dos profs. Ricardo Anido (UNICAMP) e Everton de Sousa Cavalcante (UFRN)

Damires começou contextualizando o que é a Engenharia de Software e seu histórico de inclusão nos diferentes currículos de cursos de Computação até o surgimento do Bacharelado em Engenharia de Software. Apresentou, então, resumidamente, o documento de referenciais de formação em Computação, no que tange este bacharelado, em especial as competências esperadas dos egressos destes cursos. Mostrou então alguns exemplos de matriz curricular deste tipo de curso.

Na sequência, falou da Resolução 1.100/2018 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) que insere o título Engenheiro de Software na Tabela de Títulos Profissionais do Sistema CONFEA/CREA e mencionou algumas opiniões que foram levantadas após a publicação da resolução, inclusive o Ofício 0012/2017 da SBC, em resposta ao CONFEA. A questão é polêmica e causa confusão para os cursos de bacharelado, por exemplo, questionamentos da administração da IES de onde estão as disciplinas tradicionais das Engenharias.

Passou-se a palavra para o prof. Everton, que descreveu como funciona a graduação na UFRN, dividida em 2 ciclos, sendo o primeiro um Bacharelado em TI que dura 3,5 anos e, para os que desejarem, um segundo ciclo nas opções Bacharelado em Ciência da Computação e Bacharelado em Engenharia de Software. Finalizou sua fala dizendo que não acha uma boa ideia colocar a Engenharia de Software junto das outras Engenharias, pois acaba não condizendo com o que a gente faz.

Em seguida, o prof. Ricardo começou sua fala com definições e histórico do termo “Engenharia” e “Engenharia de Software”, um título provocativo usado pela primeira vez em 1968 na primeira “Software Engineering Conference”. Mencionou em seguida as Diretrizes Curriculares em Computação (CNE, 16/11/2016) e na Área de Engenharia (CNE, 23/04/2019), outras regulamentações da Engenharia e a resolução do CONFEA já citada.

Falou também de uma proposta de PEC (09/07/2019) que tenta separar os conselhos do poder executivo, caracterizando-os como organizações privadas, e prescreve que a lei não estabeleça limites ao exercício de atovidades profissionais ou obrigação de inscrição em conselho profissional nos casos em que não haja risco de dado concreto à vida, à saúde, à segurança ou à ordem social. Veda também os conselhos profissionais promover, facilitar ou influenciar a adoção de práticas anticompetitivas em sua área de atuação. A PEC está bastante em linha com a opinião da SBC de não regulamentação da Computação. No entanto, conselhos como a OAB já se manifestaram contra a PEC.

Assembléia Geral SBC:

Após o almoço, tivemos a assembléia geral da da SBC, que foi precedida pela apresentação dos cinco projetos finalistas do Selo de Inovação SBC:

  • Cara de Aprender: análise de expressões faciais dos alunos usando uma biblioteca do MIT, identificando emoções sentidas pelos alunos a partir desta análise e associando-as às aulas ou outras atividades em ambientes de aprendizado virtual.
  • Destino Sustentável: um aplicativo Web e móvel que possibilite aos usuários descartar os resíduos adequadamente e promover a reciclagem a partir da aproximação da comunidade com catadores de lixo reciclável.
  • MannAccess: uma tecnologia assistiva que faz reconhecimento de imagens e gera um feedback táctil numa mesa de pinos e também sonoro via áudio.
  • Simples (Sistema para Monitoramento de Paciente e Prevenção de Lesão por Pressão): uma solução que envia a um servidor dados de um sensor afixado no tórax do paciente que traz informações da posição do paciente acamado em uma interface 3D de modo a auxiliar na prevenção de lesão por pressão.
  • Softecs (Fábrica de Software e Tecnologia para Saúde): um processo que une demandas de clientes na área de saúde com estudantes do curso de Computação que precisam de projetos para trabalhos de conclusão de curso, por exemplo.

Na sequência, houve a premiação do CTIC (Concurso de Trabalhos de Iniciação Científica) e CTD (Concurso de Teses e Dissertações). Na sequência, o coordenador do evento, prof. Denis Rosário (UFPA) fez uma rápida avaliação do atual congresso, seguido pelo prof. Cristiano Maciel (UFMT) fez a chamada para o 40º CSBC, que será realizado em Cuiabá, MT.

Dando início oficialmente à Assembléia da SBC, os atuais presidente e vice-presidente da SBC, profs. Lisandro Granville (UFRGS) e Thaís Batista (UFRN), apresentaram Conselho e Diretoria atuais da SBC (que está concluindo o mandato nesta assembléia) e fez um rápido relato das ações da gestão (2015-2019): representação política (COMLATTES, CITDigital, CATI); articulações para indicações à CAPES e CNPq; aumento da visibilidade da Computação junto ao MEC e CNE; diretoria extraordinária de Ensino de Computação na Educação Básica; participação na avaliação de contestações dos projetos da Lei de Informática; acesso ao Portal de Periódicos da CAPES e Eduroam aos associados; associações com validade de 12 meses; combo associação/inscrição nos eventos realizados; transferência do POSCOMP para a FUNDATEC; Central de Sistemas; maior agilidade no pedido de eventos; atitude proativa em relação à organização dos eventos; estímulo a eventos em parcerias; contribuição para o novo Qualis da CAPES; etc. (seguiram-se diversos slides de realizações de cada diretoria).

Em seguida chamou o prof. Carlos Ferraz e Fernanda dos Santos Jorge para apresentação das demonstrações fiscais (disponíveis no site, na área SBC Transparente).

Enfim, Lisandro chamou a nova diretoria para tomar posse e começar oficialmente seu exercício. Seguindo o rito, o novo presidente, prof. Raimundo José de Araújo Macêdo (UFBA) deu posse aos novos membros do conselho que foram também eleitos.

Antes das palavras finais, Raimundo passou a palavra para a organização do Selo de Inovação SBC para divulgação dos resultados finais. Foram selecionados em 3º lugar o projeto Cara de Aprender, 2º lugar o projeto MannAccess e em 1º lugar o projeto Destino Sustentável.

Enfim, Raimundo encerrou a assembléia com sua fala, agradecendo a confiança e convidando a todos, que ainda não leram, que leiam o plano de ação da nova gestão, disponível no site da SBC.

 

Quinta-feira:

Seminário de Computação na Universidade (SECOMU):

No último dia tive que corrigir provas finais para fechar notas da disciplina que lecionei em 2019/1, portanto não consegui fazer relatos na parte da manhã. Após o almoço, assisti o painel Desafios de Pesquisa em Computação: Passado, Presente e Futuro, mediado pelo prof. Raimundo José de Araújo Macêdo (UFBA, presidente da SBC), Priscila Solís (UnB, Diretora de Planejamento e Projetos Especiais da SBC), Sergio Soares (UFPE e ISI-TICs) e Flavio Wagner (UFRGS).

Priscila fez um resumo dos seminários Grandes Desafios da Computação no Brasil, organizado pela SBC, o primeiro tendo acontecido em São Paulo em 2006 e elencado cinco desafios. O segundo ocorreu em Manaus em 2009, tendo refinado os cinco desafios iniciais em oito amplos domínios. O terceiro teve sua primeira fase em 2013, em São Paulo, para uma nova atualização, com participação de 11 empresas e 12 universidades, num exercício de aproximação da academia com a indústria. Sua segunda fase ocorreu no Rio de Janeiro em 2014, para promover redes de colaboração temáticas em função de problemas reais para o governo, indústria e academia. Agora a nova gestão da SBC está pensando nos próximos passos, olhando para a década 2020-2030, com uma nova revisão dos Grandes Desafios da Computação no Brasil, criando Grupos de Trabalho, integrando com diferentes setores-chave, trabalhar com consultas públicas, criar um novo documento e trabalhar na divulgação e interação com elaboradores de políticas públicas.

Flávio falou da importância de revisitar os cinco desafios originais que, ainda que tenham acontecido 3 seminários, os cinco desafios elencados em 2006 são os que permanecem hoje se você consultar o site da SBC. Big Data está presente no primeiro item como grandes volumes de dados, porém outros temas mais recentes, como IA, IoT, etc., não aparecem. Ressaltou também a importância do fomento à inovação/empreendedorismo e sua interação com a academia, afetando mecanismos concretos de fomento à pesquisa. Mencionou também a questão da ética, da privacidade, e a importância de integrar estas questões na formação de discentes de graduação e pós-graduação, considerando também a integração com a indústria e ter relação com grandes problemas da socidedade, em nível global, como os identificados pela ONU por exemplo. Falta pesquisa científica qualificada dentro da indústria no Brasil. Como fazer pesquisa de modo a produzir doutores empreendedores ou que façam suas pesquisas dentro da indústria? Na revisão do documento dos Desafios, a SBC precisa enviar recomendações bem concretos às agências envolvidas neste contexto (agências de fomento, ministérios, associações empresariais, etc.).

Sérgio reiterou a importância da articulação entre academia, indústria e governo. Ressaltou que as tecnologias de informação e comunicação (TICs) são o motor da inovação. A SBC tem o papel de fazer essa articulação com CNI, SENAI, ministérios, etc. Já que serão feitas novas discussões para os Grandes Desafios, é importante trazer novos stakeholders como, por exemplo, as start-ups. Sérgio se colocou à disposição da SBC para colaborar com esta articulação.

Macêdo pediu então aos painelistas para mencionar um ponto positivo e um ponto negativo sobre o trabalho feito até agora nos Grandes Desafios. Flávio mencionou um relativo sucesso logo após a discussão inicial, porém pode ter faltado fôlego após alguns anos. Importante pensar não só no documento que queremos escrever ao final da revisão dos Grandes Desafios, mas o que fazer na prática com este documento para podermos ver resultados tangíveis. Sérgio reforçou a fala de Flávio mencionando a importância estabelecer uma estratégia para encontrar as pessoas certas nas agências certas para gerar um impacto mais visível na sociedade. Priscila também concordou com a necessidade de se trabalhar par ter maior impacto na sociedade e ressaltou a importância de se pensar em mudanças culturais.

Seguiu-se a sessão de perguntas, porém estava chegando a hora do meu voo e não pude mais registrar, encerrando aqui este breve (!!!) relato da minha participação no CSBC 2019. Excelente evento!