Resumo da minha participação no 1º Fórum dos Programas de Pós-Graduação em Computação do Paraná

No dia 22 Novembro, participei do 1º Fórum dos Programas de Pós-Graduação em Computação do Paraná – ForPPCC-PR, tendo sido convidado como coordenador do Fórum Nacional de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Computação, para observar e divulgar a experiência para outras regiões do país.

 

Abertura

Estavam representados os PPGs das seguintes instituições paranaenses: UFPR (Bona/Roberto), PUC-PR (Emerson), UEM (Linnyer), UNIOESTE (Luiz/Márcio), UEL (Bruno), UTFPR Cornélio Procópio (Danilo), UTFPR Curitiba (Adolfo), UTFPR Ponta Grossa (Gleifer), UTFPR Pato Branco (Marcelo). Esta última ainda não tem um PPG em Computação, porém está planejando enviar proposta à CAPES. Além das instituições do Paraná, estava presente também, pela proximidade, a UDESC (Isabela), de Santa Catarina.

No início da reunião estavam ainda presentes gestores da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Paraná (SETI) e da própria UFPR, a quem Bona passou inicialmente a palavra.

Marcos Pelegrina (Coordenadoria Ciência e Tecnologia SETI) relatou ações da SETI, que vem trabalhando num marco legal para inovação no Estado do PR, criação de uma rede para ligar as universidades. Gostaria de uma aproximação com o ForPPCC-PR para que o Estado do Paraná seja um sistema único (caso uma empresa procure uma universidade e ela não possa atender, que ela saiba o que as outras universidades estão fazendo para indicar a solução). Criaram também uma residência técnica (análoga à dos formados em Medicina) em órgãos do Estado ligada a um programa de pós-graduação com a participação da Universidade de Stanford. Estão também enviando para a Assembléia uma lei que permita uma melhor atuação das fundações para aproximação entre empresas e universidades. Com este mesmo objetivo, conduzem também um projeto de instalação de containers padronizados nas universidades para servirem de pontos focais para as empresas que quiserem estabelecer contato. Sugeriu articular uma reunião do Fórum específica sobre inovação. Estão trabalhando também num hub de fibra ótica com a instalação de um supercomputador em cada universidade.

Marcos Sunye (diretor do Setor de Ciências Exatas da UFPR) ressaltou a importância da formação de redes e a interdisciplinaridade das pesquisas sendo desenvolvidas hoje em dia na Computação. Falou também sobre a baixa sustentabilidade dos PPGs de se depender apenas da CAPES e a importância hoje em dia de se buscar fontes de recurso alternativas.

Por fim, Bona apresentou então uma proposta de um regimento para o ForPPCC-PR, que foi aprovado pelos presentes, sendo eleitos Bona (UFPR) como presidente e Luís (UNIOESTE) como vice-presidente. Estabeleceu-se informalmente que o vice-presidente se torne presidente no ano seguinte e hospede a reunião do ForPPCC-PR. O regimento pode servir de base a outras iniciativas de Fórums Regionais no país, bem como para o Fórum Nacional de PPGs em Computação.

 

Apresentação dos PPGs

Similar ao que ocorreu no Seminário de Meio Termo da CAPES, cada PPG teve 15 minutos para fazer uma apresentação, com a seguinte sugestão de conteúdo: (i) breve histórico e dados; (ii) objetivos e caracterização do programa; (iii) áreas de atuação/pesquisa; (iv) principais desafios enfrentados pelo PPG (exemplos: autoavaliação; fixação discente no estado; demandas para órgãos de fomento à pesquisa e inovação no PR; etc); (v) possibilidades de parcerias com os demais PPGs (exemplos: mobilidade discente; internacionalização; projetos conjuntos); (vi) outros.

Bruno Zarpelão, representando o Mestrado em Ciência da Computação da UEL (Nota 3), relatou a vocação do programa em atender o norte do Paraná e também do centro-oeste de São Paulo formando profissionais e também professores das instituições da região. Em relação aos egressos, apresentou números (40% academia, 40% indústria/governo) e alguns exemplos interessantes (FATEC em Ourinhos, SP; SENAI Londrina; PUC Londrina; Unifil Londrina, Veltec). No casos de sucesso, mencionou o POSCOMP, Maratona de Programação 2012, SBSI 2014, ERBD 2016 e best papers e menções honrosas em conferências. Relatou cooperações pontuais com instituições brasileiras e internacionais, enxergando potenciais parcerias com demais PPGs do Paraná por meio de projetos conjuntos e buscar ajuda para trazer pessoas do exterior e auxiliar na internacionalização. Apresentou as áreas de atuação do programa, que é mais forte em Redes e Inteligência Computacional. Mostrou que o PPG está bem posicionado em vários quesitos em relação a outros PPGs de Nota 3-4 do Paraná e do Brasil e apresentou os desafios do programa: grupo de docentes reduzido com dificuldade de expansão, falta de fomento (não há editais para programas pequenos) e poucas bolsas. Finalizou com os planos futuros do PPG, em especial subir para a Nota 4.

Linnyer Aylon, coordenadora do PPGCC/UEM (Nota 4), que possui programa de Mestrado Acadêmico e já submeteu APCN para o Doutorado. Ressaltou que, após um amplo descredenciamento em 2010, o programa tem seu corpo docente estável e comprometido, aumentando os critérios de recredenciamento anualmente e sem descredenciamentos desde então. Falou do impacto da UEM na região de Maringá, com integração com órgãos públicos e privados da região. Em relação aos egressos, ressaltou iniciativa da disciplina de Felicidade, nos moldes de grandes universidades americanas, que tem surtido efeito positivo nos alunos do programa. Com 55% dos egressos na academia, 40% na indústria e 5% em start-ups, citou alguns casos de sucesso (Aleksandro Montanha – empreendedor, o perfil Vida de Programador, Danilo Gondolfo na AWS, atração de alunos estrangeiros), bem como prêmios, bolsas de produtividade, participação em redes. Falou das metas de autoavaliação, das redes de cooperação com empresas, outras universidades (brasileiras e estrangeiras), outras áreas disciplinares e ressaltou que a UEM foi escolhida pela CAPES para ser um Laboratório de Internacionalização.

Luiz Antonio Rodrigues, coordenador do PPGComp/UNIOESTE (Nota 3), começou trazendo informações gerais da UNIOESTE, que é uma instituição recente, que vem crescendo o número de PPGs a partir da capacitação de seus docentes e capacitação de recursos. O PPGComp iniciou suas operações em abril/2019 com a primeira turma neste segundo semestre. O grupo trabalha com linhas de Metodologias e Técnicas, Sistemas de Computação e Métodos em Comptação Aplicada, criando um rol de disciplinas obrigatórias, conforme Documento de Área. Visto que a primeira turma de alunos apenas começou, apresentou brevemente alguns projetos dos docentes do programa e os desafios de implantação de um novo programa: falta infraestrutura e recursos humanos (secretaria), falta de bolsas e recursos para fomento, consolidação do programa (atração de alunos).

Adolfo Neto, coordenador do PPGCA/UTFPR-Curitiba (Mestrado Profissional, Nota 3), apresentou os dados do programa ressaltando a necessidade do programa formar mais alunos. O programa é bem distribuído em 6 linhas de pesquisa e tem como principais desafios o número baixo de ingressantes e concluíntes (alta desistência), dedicação dos alunos e autoavaliação. Nas possibilidades de parceria, elencou dois outros programas da UTFPR e projetos conjuntos com a UFPR, estando abertos a novas colaborações.

Gleifer Alves, representando a coordenação do PPGCC/UTFPR-Ponta Grossa (Nota 3), relatou que o programa, que é recente, formou 18 egressos, a maior parte para a indústria e para cursos de doutorado em outras instituições. O PPG atua nas linhas de Sistemas de Informação e Computação, Inteligência Computacional e Modelagem e Métodos Computacionais. Os principais desafios do programa são a autoavaliação, queda na procura dos discentes (inclusive dos próprios alunos da graduação da UTFPR), aumentar a participação discente nas publicações e captação de bolsas. Mencionou então parcerias na oferta de disciplinas em diferentes programas da instituição, mobilidade discente para cursar parcerias, bolsas na Fundação Araucária, internacionalização e as oportunidades nos diferentes laboratórios do PPG.

Danilo Sanches, coordenador do PPGI/UTFPR-Cornélio Procópio (Mestrado Profissional, Nota 3), que é dividido nas linhas de pesquisa de Engenharia de Software e Inteligência Computacional. Dos egressos, 60% dos que respondem às enquetes do programa estão na indústria e 40% como servidores públicos. Relatou a criação de uma comissão de autoavaliação, já com resultados apresentados no Seminário de Meio-Termo da CAPES. Ressaltou a dificuldade de estabelecer critérios de avaliação da produção técnica para programas profissionais, tendo tentado trazer a coordenação de área técnica mais próxima para trabalhar nestas definições. Falou das ambições do programa em alcançar Nota 4 e na ideia de propor a criação de um curso multi-campi, reunindo os diversos programas da UTFPR. O programa tem redes de cooperação acadêmicas (brasileiras e estrangeiras) e com a indústria (Embrapa, Dori, empresas de TI da região).

Marcelo Teixeira, representando os professores da UTFPR-Pato Branco, relatou dos esforços de se fazer pesquisa dentro do PPG de Engenharia Elétrica da instituição para poder fortalecer a proposta de APCN de um curso em Computação a longo prazo, pois já houve duas tentativas que não foram bem-sucedidas. Estão pensando em três linhas de pesquisa: Engenharia de Computação, Inteligência Computacional e Engenharia de Software.

Luis de Bona, coordenador do PPGI/UFPR (Nota 5) apresentou os dados gerais do programa e seus objetivos. O programa é dividido em três linhas — Inteligência Computacional, Redes e Sistemas Distribuídos e Tecnologia da Informação — com 16 grupos de pesquisa distribuídos pelas 3 linhas. Destacou os recursos de infraestrutura disponíveis para o programa, ao mesmo tempo que ressaltou os desafios de espaço físico enfrentados. Em relação aos desafios, mencionou a diversidade e transdisciplinaridade da formação discente, melhoria contínua (autoavaliação, acompanhamento de egressos), desenvolvimento e divulgação científica (maior impacto e fixação discente). Sobre possibilidades de parceria, vislumbra coorientações de doutorado, projetos, captação de recursos, visitas técnicas, mobilidade (discente e docente) e DINTER/MINTER (ainda que oficialmente não exista mais edital).

Emerson Paraíso, coordenador do PPGIa/PUC-PR (Nota 5) apresentou os dados do seu programa, dividido em três linhas de pesquisa: Ciência de Dados, Engenharia de Sistemas e Inteligência Artificial, congregando 7 grupos de pesquisa. Falou sobre a integração do programa com os cursos de graduação da PUC-PR, focando no ensino por competências e metodologias ativas, tendo impacto positivo na pós-graduação. Mencionou as parcerias com instituições nacionais e internacionais, bem como os parceiros industriais, fruto de um trabalho que tem grande apoio da instituição e que tem ajudado a manter o PPGIa. Os principais desafios são bolsas insuficientes, seleção de novos discentes e atração de alunos estrangeiros. Em relação às possibilidades parceria, estão abertos para projetos de pesquisa em conjunto, mobilidade discente, seminários interinstitucionais e matrícula em disciplinas isoladas.

Por fim, Isabela Gasparini, coordenadora da PPGCA/UDESC (Nota 3), apresentou o programa, que é dividido em três linhas: Engenharia de Software, Processamento Gráfico e Sistemas de Computação, que porém estão sendo revisadas para serem remodeladas, e que agregam 7 grupos de pesquisa. Os egressos respondem enquetes para acompanhamento, sendo que em torno de 45% continuam na área acadêmica no doutorado. Mencionou casos de sucesso de impacto social, premiações, projetos com fomento, produções relevantes, etc. Falou dos esforços de autoavaliação, bem como das redes de cooperação (universidades no brasil e no exterior e com a comunidade em geral). Apresentou diversos números que avaliam positivamente o programa frente aos demais PPGs Nota 3, porém citou desafios da distribuição de produção por docente, ausência de obrigatoriedade da publicação discente (obrigatória apenas submissão), falta de espaço da instituição na comunidade local, poucas bolsas, criação de parcerias institucionalizadas.

 

Grupo de Trabalho

Após o almoço, passou-se para um momento de compilação dos desafios apontados pelos PPGs, identificação de soluções/ações para superar/contornar os desafios, identificação das oportunidades de colaboração entre os PPGs e definição de plano de ações e responsáveis.

Foram resumidos os desafios elencados pelos PPGs:

  • Fixar/atrair/manter discentes;
  • Recursos de fomento/bolsas;
  • Divulgação dos PPGs;
  • Parceria com a indústria (cultura organizacional);
  • Start-ups;
  • Autoavaliação;
  • Inovação/inserção social;
  • Internacionalização;
  • Produção científica;
  • Produção técnica;
  • Divulgação científica;
  • Aumentar o número de PPGs com doutorado;
  • Articulação ensino-pesquisa-extensão.

E também as oportunidades citadas pelos PPGs:

  • Rede de ensino em Computação no Paraná;
  • Seminários;
  • Workshops regionais;
  • Disciplinas entre os PPGs;
  • Possibilidades de atuação do ForPPCC-PR;
  • Atrair pós-doc em programa estadual, nacional;
  • Projetos em conjunto;
  • Compartilhamento de infraestrutura computacional;
  • Seleção conjunta de alunos;
  • Parceria com doutores em IES menores;
  • Diagnóstico da formação em Computação no Estado.

Ao longo da discussão, foram levantadas algumas outras ideias:

  • Divulgar as disciplinas ofertadas;
  • Flexibilizar duração em semanas;
  • Aproveitar horas de seminários;
  • Promover coorientações;
  • Convidar docentes para oferecer disciplinas ou minicursos;
  • Divulgar (pela lista de e-mails) ações dos PPGs (ex.: visitantes, eventos);
  • Fomentar redes de pesquisadores (regional);
  • Sincronizar cronogramas de processos seletivos e tentar direcionar candidatos excedentes a outros programas com editais ainda abertos;
  • Colaborar na autoavaliação;
  • Fazer um diagnóstico do perfil discente.

Por fim, concordou-se em realizar as seguintes ações:

  • Próximo encontro em Cascavel 2020 (Luiz Antônio Rodrigues);
  • Convites para bancas (todos);
  • Autoavaliação cooperativa / pré-quadrienal (convidar CA-CC);
  • Manter a lista ForPPCC-PR: eventos, visitantes, chamadas, disciplinas, seminários, etc.;
  • Aumentar a formação de doutores;
  • Aumentar a presença do ForPPCC-PR em sociedades representativas;
  • Divulgar o 1º ForPPCC-PR para a SBC (Vítor), SETI (Bona) e Horizontes (Roberto).

 

Experiência

A experiência de se criar um fórum regional de programas de pós-graduação foi muito positiva, visto que tal grupo pode se beneficiar da proximidade para realização de encontros presenciais mais frequentes se necessário e, além disso, por existirem várias questões que possuem aspecto regional como, por exemplo, interação com o Governo estadual ou intercâmbio de eventos, visitantes, disciplinas, etc.

Nossa sugestão é que estados que possuam vários PPGs como no caso do Paraná considerem fortemente a possibilidade de se organizarem nos moldes do ForPPCC-PR. Ficamos à disposição para conversar sobre esta experiência no Paraná de modo a auxiliar a organização de outros fóruns locais de pós-graduação em Computação pelo Brasil.

Por fim, mas não menos importante, parabenizo os PPGs em Computação do Estado do Paraná por formarem o ForPPCC-PR e agradeço à coordenação do mesmo pelo convite para participar desta iniciativa.