Vítor E. Silva Souza
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De 22 a 25 de agosto de 2024 participei do 44º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2023), em Brasília, DF.
Tenho o costume de escrever breves resumos das apresentações que assisti (de modo a me forçar a prestar atenção às apresentações e para tentar compartilhar o conhecimento com outros), vide 2023, 2022, 2019 e 2018 (rolou um hiato durante a pandemia).
O CSBC é composto por vários eventos que ocorrem em paralelo e neste ano participei dos eventos relacionados ao meu papel como Secretário Regional da SBC no ES e também representando o PPGI/UFES a pedido da coordenação do programa.
Eunice Nunes (Diretora de Secretarias Regionais) fez uma rápida abertura da reunião, passando a palavra para a presidente e o vice-presidente da SBC.
Thais Batista (Presidente) iniciou sua fala dizendo da importância do trabalho das Secretarias Regionais (SRs), por estar na ponta, promovendo a capilaridade das ações da SBC, em especial a captação de associados. Neste ponto, ressaltou que o que deveríamos usar para convencer as pessoas a se associarem, mais do que os outros benefícios, é poder fortalecer a sociedade científica que nos representa, que é o maior benefício de todos. Ressaltou que aumentar o número de associados é um grande desafio e conta com as SRs para isso, em particular de estudantes, para promover o engajamento desde a base. Mencionou uma questão que é recorrente, do pedido de isenção de inscrições de eventos ou de associações, mas é considerada “cláusula pétrea” há muito tempo na SBC que isso não é possível, pois este dinheiro é que mantém a SBC e até mesmo ela, presidente, pagou a inscrição no CSBC por exemplo. Por fim, Thais falou rapidamente de algumas ações da SBC que são apresentadas em mais detalhes em outros momentos do congresso, ressaltando em particular o papel da SBC Open Lib (SOL).
Cristiano Maciel (Vice-Presidente) complementou a fala de Thais com dois pontos que tem sido tratados pela vice-presidência: a criação da Comissão para Inclusão, Diversidade e Equidade (CIDE) este ano que, logo após sua formação, lançou um questionário demográfico aos associados para analisar a representatividade da comissão; e os prêmios da SBC, para os quais pediu apoio e divulgação.
De volta com a palavra, Eunice deu continuidade à reunião apresentando os números das SRs: são 25 Secretários Regionais (SRs) e 15 adjuntos (observou então a importância dos SRs indicarem seus adjuntos); 249 Representantes Institucionais (RIs), porém muitos com associação pendente, sendo importante verificar se estão ativos; 35 Representantes Estudantis (REs), ressaltando a importância desse papel, no apoio aos RIs e na interlocução com o corpo discente. Apresentou também números de associados por regional.
Seguiu apresentando as ações de sua diretoria:
Eunice passou então a palavra para outros diretores da SBC para que pudessem interagir com os SRs.
Carlos Ferreira (Diretor de Competições Científicas) falou da Maratona SBC e da Olimpíada Brasileira de Informática, a primeira voltada para a graduação e a segunda para o ensino básico. Ressaltou a importância destes eventos para trazer mais estudantes para a SBC e pediu aos SRs que incentivem a participação dos alunos de suas regiões na Maratona, as inscrições se encerram dia 16/08. Reforçou o convite já enviado por email para fazer palestras e/ou oficinas sobre a Maratona nas Escolas Regionais que forem organizadas pelos SRs.
Alírio Sá (Diretor de Comunicação) se colocou à disposição para divulgar as ações das SRs nos canais da SBC — basta marcar no Instagram ou mandar mensagem no LinkedIn/Facebook, email pra comunicacao@sbc.org.br ou pra Jéssica na sede. Por outro lado, pediu ajuda das SRs para divulgar as ações da SBC publicadas pela Comunicação (ex.: o Giro SBC), repassando aos RIs para espalhar.
Denis do Rosário (Diretor de Eventos e Comissões Especiais) se colocou à disposição para ajudar com os eventos que ocorrem nas regiões e pediu que os SRs se coloquem disponíveis para ajudar nos eventos quando receberem os emails de aprovação dos mesmos em sua regional. Para as Escolas Regionais, sugeriu pedir à sede o banner da SBC ou imprimir em gráfica com os recursos das SRs. Pediu também atenção aos direitos autorais (ex: fotos, músicas) na organização de eventos, pois já houve casos de pedidos de indenização à SBC por estas questões.
Lisandro Granville (Diretor de Finanças) explicou como hoje se realiza captação de fundos para as SRs, como a divisão 50% para a Comissão Especial organizadora do evento, 40% para o organizador local e 10% para a SR em cuja região o evento se realiza, podendo os percentuais serem ajustados pela organização do evento. Desde a implementação desse sistema, isso fez com que as SRs tenham verba para realizar suas ações. Por outro lado, as SRs vão começar a pagar pela estadia do SR no CSBC com este saldo que possuem na sede a partir de 2025, com um período de transição para ajustes. Lembrou que a SBC é auditada e por isso há exigência de prestação de contas detalhada e justificativa de cada gasto, que a Diretoria de Finanças é obrigada a analisar e aprovar, não se tratando de uma ingerência desnecessária.
Tanara Lauschner (Diretora de Relações Profissionais) também colocou-se à disposição das SRs, podendo falar sobre a profissão, regulamentação e assuntos relacionados em eventos nas regionais. Mencionou que preside a Comissão de Ética e que novos códigos foram recentemente publicados na página da SBC.
Ao final da fala dos diretores, Thaís pediu a palavra novamente para reforçar a importância de realizar eventos nas regionais para capitalizar a SR, incentivar a Olimpíada e a Maratona para envolver estudantes, fazer parcerias com SRs próximas para ações conjuntas e agradeceu a participação de todos neste trabalho voluntário.
Retomando a pauta, Eunice falou das Escolas Regionais realizadas no último ano e observou que muitas SRs não estão realizando eventos, solicitando empenho para realização de Escolas Regionais em todas as SRs. Uma possibilidade é fazer escolas regionais agrupadas de estados próximos. Voltou a falar do número de associados por regional, ressaltando uma disparidade entre o número de associados e o de filiados, ou seja, as pessoas não estão indicando os RIs aos quais estão vinculados no momento da associação. Pediu empenho na correção desta questão.
Após o coffee break, Eunice prosseguiu a conversa falando dos desafios para os quais conta com os SRs para realização: ampliar REs e RIs; ampliar a realização de eventos (workshops, escolas, webinar, oficinas, etc.), considerando o agrupamento de regionais; ampliar número de associados; ampliar a certificação de Aluno Destaque — reforçar com os RIs para realizar a cada colação de grau (há também o certificado de Aluna Destaque dos Meninas Digitais); presença dos SRs nos eventos nacionais das CEs que acontecem em sua região.
Em seguida, discutiu estratégias para manter/ampliar associados: campanhas de comunicação destacando benefícios; eventos de abrangência nacional on-line como palestras, webinars para os associados; programas de mentoria e orientação para associados; programas de voluntariado e engajamento social; engajamento com Olimpíada e Maratona; e usar a curricularização da extensão para apoiar a execução das ações. A proposta é escolher uma ou algumas destas estratégias, focar nela(s) nos próximos meses, discutir na reunião online do 2º semestre e trazer resultados no próximo CSBC. Neste ponto, alguns SRs trouxeram sugestões, como criação de e-mail institucional @sbc.org.br para as SRs, divulgação de informações de interesse (ex.: oportunidades de estágio) no site e também via Instagram, divulgar a SBC nos podcasts de tecnologia (talvez via chancela SBC), etc.
O primeiro painel do SECOMU (Seminário de Computação na Universidade) abordou o tema Políticas para a formação de profissionais e pesquisadores em Computação no Brasil, teve como moderadora Claudia Motta (UFRJ / SBC) e painelistas Alirio Santos de Sá (UFBA / SBC), Avelino Francisco Zorzo (PUCRS / CAPES), Leila Ribeiro (UFRGS / SBC), Rubem Saldanha (AWS) e Erika Mayumi Kasai Yamada (MEC).
Leila começou sua fala apresentando números sobre formação em Computação em 2022 de acordo com números do INEP, trazendo algumas estatísticas: são quase 3.000 cursos na área de Computação no Brasil, oferecendo 1,6 milhão de vagas, sendo apenas 392 mil presenciais. Nestas vagas, apenas 1,2 milhão de inscritos no total, 452 mil nos presenciais. Dos que se inscrevem, apenas 362 mil ingressam no total, 112,6 mil nos presenciais. Em 2022, haviam 540 mil estudantes matriculados nestes cursos no total, 248 mil nos presenciais, 54 mil concluintes no total, 27,8 mil no presencial. Numa conta simples, isso dá 25% de formação no presencial, 10% no EaD. Fez, então, uma análise sobre o baixo número de ingressantes, a grande evasão (uma das grandes causas é a “falta de pertencimento”), se a quantidade de formados é suficiente para o mercado. Seguiu apresentando dados, agora sobre educação básica em 2023, também segundo o INEP, ressaltando que dada a inclusão da Computação na educação básica, a formação de pessoas para atuar como professores de Computação é muito aquém. Neste contexto, do que precisamos? Políticas para valorização da Computação, para formação inicial em Computação e para formação continuada em Computação. Para tudo isso, é essencial cooperação entre governos, universidades, escolas, SBC, entidades, indústria, etc.
Na sequência, Alírio trouxe um relato de experiência na implantação de Universidade Federal no Sul da Bahia (UFSB). Mencionou a expansão do Ensino Superior promovida pelo Governo Federal entre 2003 e 2014, incluindo a UFSB. Discutiu, então, os problemas dessa expansão para o interior: fixação de docentes, cobertura regional, reduzida integração social e ausência de infraestrutura adequada, principalmente de comunicação. Passou ao relato da fundação da UFSB, iniciado pela formação da equipe e criação de uma carta de fundação, com alguns princípios norteadores: integração social, compromisso com a educação básica, promoção do desenvolvimento regional e excelência acadêmica. Dividida em 3 campi (Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas), a formação era dividida em ciclos, sendo que o primeiro ciclo para todos os cursos trazia uma formação ampla, incluindo pensamento computacional. Essa formação inicial era feita em salas que a universidade tinha nos colégios de ensino médio. Esta implantação trazia vários desafios, como o modelo de ensino/aprendizagem, a natureza distribuída dos campi e rede CUNI (colégios) e uma organização de calendário diferenciada. Alguns obstáculos a serem superados: ausência de infraestrutura de rede banda larga, ausência de infraestrutura física nos campi para TIC e ausência da capacidade técnica instalada. A estratégia adotada foi apostar numa situação ideal de longo prazo porém ter um modo de operação ajustado às condições atuais no curto prazo.
O terceiro painelista, Rubens, trouxe números da indústria, baseado nos relatórios da Brasscom: em 2020 foi previsto um crescimento exponencial de quase 800 mil vagas de emprego na área de Computação até 2025, com remuneração média 3,2x maior que a média nacional e produção de muito valor. Nuvem e Big Data apresentaram o maior crescimento (também inflacionados pela pandemia). Por outro lado, boa parte desses empregos estava muito concentrada em alguns locais e a taxa de evasão dos cursos que formam profissionais para estas vagas era muito alta. Após a pandemia o mercado esfriou e estabilizou, com demissões e redução dos salários, em especial para início de carreira (ainda que ainda pague muito bem). Trouxe em seguida boas notícias sobre diversidade de raça e gênero, cujos gaps diminuíram, ainda que não tenham alcançado o equilíbrio desejado, mas mostrando que as políticas voltadas para estes objetivos devem continuar, pois estão surtindo efeito. Concluiu a fala dizendo de oportunidades de ensino oferecidas pela própria indústria após a formação básica dos profissionais nas universidades, ressaltando a importância do estudante da universidade focar no básico (ex.: algoritmos), pois as linguagens específicas se aprende depois. Importante, então, não ver a indústria só como patrocinador, mas parceiro na formação.
O último painelista, Avelino, trouxe dados da pós-graduação e reflexões sobre os problemas que atualmente enfrentamos na formação de profissionais. Mostrou que enquanto o número de programas e cursos de pós-graduação aumentou 30% nos últimos 10 anos, o número de ingressantes não aumentou mais de 10% e houve nos anos mais recentes queda nos números de formados (pode ter sido afetado por pandemia e outras questões). Em comparação com países da OCDE, apesar de ser a 7ª economia no mundo, o Brasil está muito muito abaixo em número de títulos concedidos. Trouxe então os desafios a serem enfrentados em relação a acesso, permanência, conclusão na pós-graduação, como desigualdades regionais, sociais, étnico-raciais e de gênero. Fez reflexões então sobre o processo de ensino-aprendizagem: considerando que vivemos em dois mundos — físico e digital — há políticas sendo elaboradas pra dar diretrizes para transitarmos entre esses dois mundos, como por exemplo ensino híbrido (parecer 34/2023 CNE), que promovem reflexões sobre pedagogias ativas, superar os ambientes das salas de aula, interação de atividades presenciais e remotas, não se confundir com a modalidade EaD. Foi instituído um GT na CAPES para discutir o processo híbrido de ensino/aprendizagem (PHEA). Em seguida, refletiu também sobre formação em pós-gradução: será que estamos fazendo isso de maneira correta? Sugere repensarmos essa questão, conhecer os referenciais de formação em pós-graduação da SBC, pensar para além do quantitivismo das publicações. Concluiu com três pontos para reflexão: precisamos aumentar muito ainda a formação stricto sensu no Brasil; o processo de ensino-aprendizagem precisa ser atualizado para o novo contexto da sociedade; formação em pós-graduação precisa ser repensada para além do modelo dos séculos passados.
Na sessão de perguntas, houve um debate sobre se precisamos ter espalhadas em todos os cantos do país oportunidades em pós-graduação em todas as áreas. Rubens provocou se não é mais importante a excelência em determinados locais do que abrir cursos que talvez não haja pessoas para conduzir. Avelino defendeu a redução de assimetrias para que a geração de inteligência nas diversas regiões do país para que o país não concentre sua economia apenas em commodities e se evite a concentração de outras áreas econômicas em poucos centros, como São Paulo.
Perguntou-se também sobre se pessoas formadas em graduação em outras áreas podem fazer pós-graduação em Computação, visto que muitos programas restringem. Avelino disse que a CAPES não restringe, mas também não interfere na autonomia dos programas, defendendo que não deveria haver restrições, pois a área da Computação é uma das mais interdisciplinares. Cláudia e Rubens reforçaram esta visão.
Na sequência, trouxeram reflexões sobre assimetrias regionais, muitas vezes reforçadas pelas oportunidades dos editais ou formas de avaliação de programas de pós-graduação, por exemplo. Leila lembrou que a inclusão de Computação na BNCC teve esse propósito de reduzir desigualdades (do contrário apenas quem tivesse dinheiro teria esse conteúdo incluído nas escolas), além da questão de soberania nacional. Alírio ressaltou a importância de se conhecer as realidades de cada local para enfrentar os desafios de desigualdade ao tentar implantar ações de formação e desenvolvimento.
Em outra pergunta, se não houvesse restrição de recursos mas se tivesse que ser escolhida uma ação para formação de profissionais, qual seria ela? Leila opinou pela formação de professores de Computação para a Educação Básica. Avelino argumentou que não há bala de prata e as soluções são diferentes em cada região e contexto. Rubens argumentou por partir para uma integração real entre os setores (academia, indústria, governo). Alírio defendeu transformar o modelo de formação para um que não deixe ninguém para trás. Claudia aproveitou para convidar a todos para submeterem propostas para Os Grandes Desafios da Computação e Os Grandes Desafios para Educação em Computação, que serão lançados pela SBC.
Ao final, contribuições da plateia também ressaltaram a importância de políticas públicas que lidem com essas questões (tema do painel do SECOMU de quinta-feira) e também da importância de educar os pós-graduandos na questão da propriedade intelectual.
Denis Rosário (Diretor de Eventos e Comissões Especiais) abriu a reunião pedindo a todos para se apresentarem. Em seguida, passou a palavra para Fernanda Jorge, da sede, que relatou que a Campanha Solidária RS (em prol das vítimas das enchentes no RS) arrecadou R$ 35 mil da comunidade e R$ 47 mil das Comissões Especiais (CEs). Conseguiram distribuir R$ 42 mil em forma de doações até o momento. Após o CSBC irão replanejar e continuar as ações.
Denis começou então com alguns informes, pedindo atenção ao direito de imagens nas divulgações dos eventos, lembrando também que foi pedido que a planilha dos eventos da área fosse atualizada até o CSBC e também seja mantida a lista de pesquisadores sêniores de cada área.
Sobre a planilha de eventos, Avelino Zorzo (CA-C/CAPES) falou da importância e da ideia por trás de montá-la, que tem por objetivo indicar para a comunidade o que é relevante na área, pois há muito veículo predatório e de baixa qualidade. Isso inclusive embasa o CA-C/CAPES, por ser uma lista produzida pela maior sociedade de Computação da América Latina. Mencionou, inclusive, que há discussões na CAPES de se abandonar o Qualis para a Avaliação Quadrienal de 2029 em algumas áreas, incluindo a Computação.
Denis prosseguiu com os informes, falando do código de ética da SOL, que deve ser informado nas chamadas de trabalho dos eventos e do problema de organizar eventos em mesma data, pois gera sobrecarga para a sede. A sede irá então contactar os eventos para fazer um planejamento.
Passou a palavra para Thais Batista (Presidente) e Cristiano Maciel (Vice-Presidente). Thais agradeceu a participação de todos, pois junto com as Secretarias Regionais (SRs) as CEs é que dão capilaridade às ações da SBC. Tais ações vão para além dos eventos, que também são muito importantes, e serão detalhados na Assembleia, pois precisamos mostrar a todos os benefícios de fortalecer a SBC. Uma sociedade científica forte é essencial para influenciar nas decisões políticas, para que não aconteçam à revelia da comunidade. Citou exemplos, como a influência na CAPES já citada por Avelino, trabalho junto ao TSE, reuniões com o MCTI sobre assuntos da Computação, etc. Neste contexto, ressaltou novamente a questão do pagamento de inscrições ser “cláusula pétrea” na SBC, pois é o que banca os custos da sociedade, e da importância de termos mais associados com anuidade em dia. Relembrou da chamada dos Grandes Desafios da Computação que vai sair em breve, pedindo sua divulgação em cada CE. Cristiano pediu apoio para a CIDE (Comissão para Inclusão, Diversidade e Equidade), em particular resposta ao questionário demográfico que foi enviado, e para os prêmios da SBC, com indicações e participação.
Na sequência, Ronaldo Ferreira (Diretor de Cooperação com Sociedades Científicas) falou sobre o engajamento da SBC em diferentes fóruns, em particular a importância de se engajar em fóruns políticos e dar visibilidade às ações da SBC. Relatou da participação da SBC em vários destes fóruns.
Em seguida, Lisandro Granville (Diretor de Finanças) falou sobre a divisão dos saldos dos eventos e sobre a aprovação de gastos pela diretoria, conforme explicado na reunião com as SRs no dia anterior. Fez na sequência um balanço do fundo mantenedor da SBC, lembrando que a sede se mantém com as associações, o percentual das inscrições nos eventos e rendimentos financeiros. Dada a situação financeira (ainda que superavitária, os gastos vem aumentando), estão propondo adicionar uma nova fonte de renda para a sede, mudando a divisão do saldo dos eventos, reduzindo de 50% para 40% a parte das CEs e repassando então 10% para a sede. A proposta gerou bastante discussão, incluindo questionamentos sobre a participação da SRs (que, como explicado no dia anterior, vem recebendo também 10% do saldo). Lisandro falou também sobre o JEMS3, nova versão do sistema de gestão de eventos da SBC. Falou de funcionalidades já prontas e futuras, como integração com a SOL, algoritmos de distribuição de artigos, conflitos de interesse por evento, emissão de certificados para revisores, etc. (sugestões vindas da própria comunidade). O JEMS3 já foi usado por 25 eventos, demonstrando sua maturidade e estabilidade, sendo a partir de agora o padrão para novos eventos (entrada em produção), porém os eventos podem fazer pedidos de exceção para uso do JEMS1 ou 2.
Depois, José Viterbo (Diretor de Publicações) fez um relato da SOL (SBC Open Lib), que vem trabalhando na indexação das séries da SOL no DBLP, Scopus e Google Scholar. Relatou sobre questões de autoplágio na publicação de trabalhos enviados a mais de um Concurso de Teses e Dissertações (CTD), da possibilidade de publicação de livros e da nova equipe do JBCS com Soraia Musse e Altigran Soares como novos editores-chefes, que conseguiram estabelecer novos procedimentos que vem reduzindo em 86% o tempo médio de resposta. Alguns coordenadores de CE contribuíram para a discussão de publicações na sequência de sua fala.
Denis prosseguiu com a pauta, falando dos Grandes Desafios da Computação e como as CEs poderiam contribuir com esta nova edição já anunciada pela presidente da SBC, passando a palavra para André Santos, que apresentou o histórico dos Grandes Desafios e como será organizada a nova edição: chamada de propostas com documentos de 3-5 páginas, avaliação por um comitê de programa, evento presencial para discussão das propostas selecionadas e publicação dos resultados pela SBC.
Denis passou então a falar sobre publicidade das ações das CEs, feitas em conjunto com o Diretor de Comunicação (Alírio Sá) e com o Analista de Comunicação e Marketing da sede (Wangles do Nascimento). Disse que vem repassando para a Comunicação da SBC as ações realizadas pelas CEs, mas pede que cada CE também tenha essa prática e envie divulgação para o setor, marque os perfis nas redes sociais, etc. Denis mencionou que está sendo preparado um Manual para Coordenadores de CE, que vão incluir todas as questões conversadas na reunião.
Por fim, passou a palavra para Rodrigo Santos para um relato do GT do CTD, que trabalhou em diretrizes para os CTDs de cada CE.
O segundo painel do SECOMU (Seminário de Computação na Universidade) teve como tema Políticas de Cibersegurança na era da Inteligência Artificial, sendo moderado por Michele Silva Wangham (UNIVALI / SBC) e com participação de Luca Belli (CNCiber / FGV), André de Carvalho (USP), Tanara Lauschner (SBC / UFAM), Marcelo Antônio Osller Malagutti (GSI / CNCiber) e Luiz da Silva (CCI / Virginia Tech).
(Obs.: cheguei um pouco atrasado e posso ter perdido uma parte da primeira fala. 😬)
Luiz falou da demanda por profissionais de cibersegurança e defendeu investir em força de trabalho, a partir de parcerias entre Academia e Indústria de modo a envolver os estudantes na área de cibersegurança desde o início, sem se limitar apenas à Computação por ser uma área bastante interdisciplinar. Uma análise de publicações sobre cibersegurança mostra esta interdisciplinaridade e mostra também uma presença maciça de IA nestas publicações. Falou do impacto da cibersegurança também na parte de inovação, com muitas propostas de startups nesta área. Em uma análise de impacto econômico contratada, o CCI atraiu US$ 192 milhões, criaram 2,517 empregos, $196 em salários e $367 milhões agregados ao PIB do estado da Virginia. Concluiu ressaltando a importância de mostrar o impacto das ações da Academia na economia e de que existem muitas oportunidades no Brasil nesta área.
Luca analisou o conceito de soberania digital como a capacidade de entender, desenvolver e regular tecnologias conforme os valores de um país, essencial para autodeterminação e autonomia estratégica. Um bom exemplo é o PIX. A verdadeira soberania vem de ser desenvolvedor de tecnologias e não apenas consumidor. Na IA o conceito também se aplica, com “key enablers” sendo dados pessoais, algoritmos/modelos de software, capacidade computacional, conectividade significativa, energia elétrica, letramento digital, cibersegurança e regulação baseada em análise de riscos. Focando em cibersegurança e IA, não tem como neutralizar todos os riscos, porém é preciso considerá-los e mitigá-los. Passou então a analisar as normativas sendo propostas para regulações em IA, que considera ir numa boa direção, porém com muitas questões abertas, e defende a criação de uma Agência Nacional de Cibersegurança ou o estabelecimento de padrões técnicos. Mencionou que materiais sobre toda essa discussão encontram-se em https://cyberbrics.info/.
André começou dizendo que a IA é uma área abrangente (portanto bastante relacionada também com a área de cibersegurança) e que, como toda tecnologia, possui benefícios e riscos. Focou então numa análise dos riscos da IA, em particular dos modelos de IA de propósito geral (GPAI) que, sendo mais recentes, possuem riscos ainda menos estudados/compreendidos. Defendeu a IA Responsável como forma de mitigar esses riscos, mencionando as recomendações da UNESCO para uma IA ética. Dentre os princípios, destacou quatro relacionados à parte de cibersegurança: proporcionalidade e não causar dados, segurança e proteção, justiça e sem discriminação, direito à privacidade e proteção de dados. Neste contexto, a GPAI pode potencializar o risco de ataques cibernéticos maliciosos, como ataques phishing, fake news/deep fakes e sabotagem de modelos de IA, mas também pode ser usada para aumentar a capacidade de sistemas de evitar ataques e se defender deles.
Tanara motivou sua fala com um relatório de abril de 2024 que coloca o Brasil como o 5º pais maior alvo de ataques de ransomware, destacando a importância da cibersegurança e a grande demanda de profissionais nesta área (segundo o Fórum Econômico Mundial, déficit de 4 milhões de pessoas no mundo, mas projetado para 85 milhões até 2030). Neste contexto, analisou o ponto de vista do usuário e questionou: as pessoas entendem o que estamos falando quando damos orientações de cibersegurança? Mencionou então a educação e a capacitação em segurança cibernética como itens importantes da Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber), destacando a importância do letramento digital neste contexto. Mencionou então iniciativas da SBC nesta linha, como a inclusão da Computação na Educação Básica, a formação de professores via ProfComp, os referenciais de formação para o curso de bacharelado em cibersegurança (disponível na SOL — revista Computação Brasil nº 52). Destacou também que a PNCiber também menciona pesquisa nesta área, o que também está no radar da SBC.
Marcelo começou dizendo que, ao contrário do caminho tradicional do governo propor uma regulação e o setor produtivo e acadêmico protestarem, temos estes setores clamando por regulação de cibersegurança e o governo ainda trabalhando no assunto. Relatou que há uma proposta em discussão (audiência pública) para criação de uma agência nacional de cibersegurança, mencionando que o Brasil está muito atrasado em relação a outros países. Ressaltou a carência de pessoal qualificado, destacando os baixos percentuais de mulheres nesta área, o que motiva políticas públicas para aumentar o interesse de mulheres pela área. Nesta área, o Brasil tem algumas características interessantes, sendo o 2º país em serviços digitais do governo, primeiro em informatizar a declaração de imposto de renda, alta automação bancária, etc. E apesar de sermos a 8ª economia do mundo, somos o 2º país mais atacado, atrás dos EUA, provavelmente porque somos pouco seguros. A criação da agência então é o primeiro passo na direção correta de aumentar essa segurança. Nesse contexto, a IA é inexorável e portanto precisamos aprender a usá-la a nosso favor.
Na sessão de perguntas, falou-se sobre a questão do phishing e como a IA impactou esse problema. Mencionou-se a importância de soluções tecnológicas e humanas para o problema, utilizando a IA também para a defesa e investindo em letramento digital, apostando na inteligência humana.
Questionou-se também sobre como preparar os programadores para o impacto da IA na cibersegurança sendo que o ensino de segurança para os programadores já é deficitário. André defendeu uma reformulação do ensino, tanto em Computação quanto em outras áreas, com foco em trabalho colaborativo. Marcelo mencionou soluções top-down, como regras mínimas de segurança para um software poder ser usado/comercializado, ou bottom-up, como certificações de segurança que incentivem as empresas. Tanara diz que cabe aos professores se atualizarem, que já é um desafio, mas há um desafio bem grande de infraestrutura da universidade que precisa de muitos investimentos nesse aspecto. Luca lembrou que para além da formação deve-se trabalhar na retenção de talentos por meio de políticas públicas.
Também perguntou-se sobre como resolver com regulamentação local problemas que são de origem global. Marcelo diz não acreditar em uma regulamentação global para a IA, no entanto nas propostas que o Brasil vem preparando, há muito diálogo com diversos outros países. Luca mencionou também iniciativas como a Convenção de Budapest para cooperação internacional em relação a crimes cibernéticos e participa das conversas na ONU sobre o assunto.
Sobre capacitação não apenas dos profissionais, mas da população em geral e observando nichos específicos (ex.: idosos, crianças), perguntou-se sobre boas práticas neste sentido. André aposta na educação com experiência prática, mas se preocupa com a educação básica no Brasil, que é um gargalo. Tanara mencionou iniciativas no NIC.BR para formação dos cidadãos e também as iniciativas da SBC neste sentido, como o Meninas Digitais e o Teach AI por exemplo. Marcelo mencionou o programa Hacker do Bem da RNP e argumentou que a universidade sozinha não será capaz de resolver esta questão, portanto é preciso pensar em outras iniciativas. Luca ratificou a fala de Marcelo, defendendo investimento nestas iniciativas. Luiz complementou dizendo que acha importante iniciativas que envolvam pessoas de outras áreas, como por exemplo as ciências humanas.
Gustavo Portella (Diretor de TI, CAPES) falou da criação da Diretoria de TI da CAPES em 2012 como um passo significativo no enfrentamento dos desafios digitais. Mencionou que a IA é um foco de investimento do Governo hoje: será lançado um Plano Brasileiro de IA na 5ª Conferência de C&T e a CAPES participa de algumas propostas, como extensão de bolsas PNPD (mais de 2.000 bolsas), expansão de programas que trabalhem com IA (R$ 700 milhões em 10 anos), dentre outras.
Olival Freire Jr. (Diretor Científico, CNPq) falou do rumo da política de C&T do governo atual, mencionando a legislação que impede o contingenciamento do FNDCT que apesar de aprovado em 2021 o governo à época tentou vetar e depois fez prevalecer sua vontade via Medida Provisória (o que gerou um certo caos nas agências que fazem uso do fundo) e para o governo atual o descontingenciamento é uma conquista, pois o financiamento é chave para as ações de C&T. Outra ação foi a inclusão de C&T na PEC da transição, o que permitiu o ajuste das bolsas e aumento do orçamento de C&T no Brasil. Este cenário que possibilitou várias ações do CNPq, incluindo o Edital Universal com o maior valor de sua história, edital para período no exterior voltado para contemplados com bolsas no país, financiamento dos 58 INCTs e outros 42 em cooperação com CAPES e FAPs. Mencionou os ajustes que vem sendo feitos nos editais PQ, em particular eliminando a separação entre PQ-1 e PQ-2, transição para um sistema de 3 níveis (A, B, C), a eliminação do requisito de ser PQ para participar de outros editais. Mencionou para o futuro um novo edital dos INCTs (também a ser lançado na 5ª Conferência), o programa Conhecimento Brasil (repatriamento e estabelecimento de redes de cooperação), Edital Pró-Amazônia, com expectativa também de um bom financiamento para o Plano Nacional de IA, que é uma iniciativa direta do presidente da república.
Alexandre Garcia (CNPq) falou rapidamente apenas de uma previsão do lançamento do Edital Universal ainda para este ano, ainda que a implementação das bolsas fique para o ano que vem.
Altigran Silva (ex-coordenador do CA-CC/CNPq), que está saindo do CA-CC/CNPq, apresentou a nova composição da comissão e relembrou os procedimentos gerais do comitê. Apresentou então uma prestação de contas para a comunidade, apresentando números dos editais de 2023. Falou então das mudanças no Edital PQ já mencionadas pelo Olival. Detalhes podem ser vistos nos slides utilizados por ele.
Avelino também fez uma apresentação da organização da CAPES e uma prestação de contas para a comunidade, mencionando a mudança de nome da área para Computação; acompanhamento anual; seminário de meio termo; preparação de novos documentos de área, APCN, classificação de periódicos e eventos, etc.; visitas a programas; reunião com a comunidade e na CAPES. Também mostrou números de 2023, com destaque para quedas nos números de discentes e publicações em anos recentes em todos os programas. Destaca-se também expectativas para a Quadrienal de 2029 de se abandonar o Qualis, dar mais foco em avaliação qualitativa, importância de se relatar produção técnica; importância da autoavaliação e planejamento dos programas. Fez também rápidas reflexões sobre avanços na educação (já trazidos no painel do SECOMU no dia anterior). Os slides também estão disponíveis.
Thais Batista (Presidente da SBC) perguntou ao CNPq sobre a reconstrução da área COAPD que foi incorporada por outra área em uma reforma administrativa do CNPq, visto o recente crescimento da importância da área. Olival disse que a reforma foi feita na gestão anterior e a atual considera um erro. Foi uma decisão da atual gestão não promover nova reforma administrativa no primeiro ano, mas há uma perspectiva de que isso seja corrigido.
Abriu-se para perguntas e questionou-se sobre as bolsas que o CNPq concedia diretamente aos programas e que em editais mais recentes foram concedidas para as instituições, o que resultou em alguns casos em drástica redução dos números (ex.: o PGCC/UFRGS recebia 15 bolsas e no novo edital a UFRGS como um todo, com 90 programas, recebeu 77 bolsas). Olival contextualizou essa mudança como do governo anterior e que foi feita num contexto de se diferenciar as políticas de distribuição de bolsas de CNPq e CAPES num momento em que se ameaçava fundir as duas agências. No entanto, defendeu a fórmula de submissão de projetos institucionais em que cada instituição destaque qual é a sua vocação de pesquisa e comentou os esforços de reduzir as assimetrias regionais. Admitiu, porém, que o mecanismo precisa de ajustes para se corrigir eventuais efeitos indesejáveis como o mencionado na pergunta. Destacou ao final de sua fala as bolsas MAI/DAI de mestrado e doutorado em conjunto com a Indústria. Avelino destacou o papel do desmonte da ciência ocorrido no governo passado e que a PEC da transição conseguiu recompor um pouco, porém ainda teve efeito em alguns editais.
Na sequência, perguntou-se se a concentração na região Sul/Sudeste é considerada na avaliação, considerando que um professor da região Norte tem muito mais dificuldade de captar estudantes do que um na região Sul/Sudeste. Avelino disse que o contexto de cada programa é sim considerado na avaliação. Mencionou por exemplo a diferença que o programa de Computação no Acre fez na região, e isso é muito bem avaliado. Altigran defendeu que sejamos agentes de transformação, mencionando o exemplo de Pernambuco e, em menor escala, do Amazonas em criar o ecossistema regional para manutenção dos talentos na região. Olival destacou ainda a importância de se envolver as lideranças econômicas e políticas do Estado para construção desse ecossistema local.
Depois, questionou-se sobre o investimento de R$ 700 milhões em 10 anos que, comparado com os custos de se treinar um modelo como o do ChatGPT ou se distribuído ao longo dos anos, meses e instituições, não é suficiente para uma pesquisa de longo prazo. Outra questão que atrapalha a continuidade é não poder participar em editais em anos seguidos na mesma agência de fomento. Gustavo disse que trouxe alguns números rápidos em sua fala inicial, mas que não pode ainda dar mais informações sobre as ações relacionadas ao Plano Nacional de IA, somente algumas delas. Garantiu que há uma prioridade do governo nesta área e a expectativa é o que o orçamento venha. Olival disse que a questão é mais ampla e complexa e passa pela construção de um novo plano de desenvolvimento econômico para o país. Altigran comentou rapidamente que não é justo comparar o fomento público com o investimento de Venture Capital da indústria dos EUA, caso do ChatGPT. Avelino complementou da importância de se unir esforços para avanços nesta área e há uma iniciativa em curso para formar uma rede de pesquisa na área de IA no Brasil.
Emerson Paraiso (coordenador do Fórum) fez a abertura, apresentando a agenda e indicando o site https://sites.google.com/view/frum-ppgs-cc/in%C3%ADcio com o material do Fórum, incluindo o material dos GTs apresentados ao longo do dia, e que iria solicitar os demais materiais apresentados ao longo do dia aos diversos palestrantes para disponibilizar também neste site.
Avelino Zorzo (Coordenador CA-C/CAPES) iniciou sua fala mencionando novamente a mudança do nome da área para Computação e apresentando os documentos da Avaliação Quadrienal que todos os coordenadores deveriam conhecer, destacando que tais documentos preveem que os programas encaminhem os anexos previstos para a avaliação e na última quadrienal alguns programas esqueceram e eles são essenciais para uma avaliação adequada.
Seguiu então para um rápido resumo sobre os desafios do período 2021-2024, destacando alguns pontos: qualidade da formação (foco na avaliação qualitativa dos resultados dos programas); fortalecimento da área (formação de redes de solidariedade entre programas, em especial na área de IA, trabalhar na redução de assimetrias regionais); amadurecer a avaliação qualitativa (formação de um GT que é ponto de pauta da reunião hoje); melhorar a transparência (não há nada escondido, tudo é conversado e discutido — Fórum, Seminário de Meio Termo, etc.); mestrado profissional em rede (ProfComp — formação de profissionais para atuação na Educação Básica).
Na sequência, passou a palavra para Altigran Silva (Coordenador Adjunto de Programas Profissionais CA-C/CAPES) falar sobre Avaliação Qualitativa. Ressaltou que este é um movimento que vem acontecendo tanto na CAPES quanto no CNPq, como pôde ser visto inclusive na reunião com as agências no dia anterior. Relatou que foi formada então uma comissão para Indicadores para Avaliação Qualitativa composta por 6 pessoas, além dos coordenadores do CA-C. Chamou então Soraia Musse para falar dos resultados parciais dessa comissão.
Soraia relatou que a comissão foi formada em outubro/2023 para analisar, indicar e formalizar critérios avaliativos, tanto quantitativos quanto qualitativos. O desafio da comissão foi, então, definir conceitos como “Muito bom”, “Bom”, etc. para os indicadores do Documento de Área e Ficha de Avaliação da CAPES. Numa análise feita pela CAPES, observou-se que todas as 49 áreas já utilizam critérios qualitativos na avaliação. Soraia apresentou então resultados preliminares da comissão, que trabalhou em questões e observações a serem avaliadas qualitativamente pelos consultores, discretizando os itens da Ficha de Avaliação em subperguntas e indicando métricas que indiquem quando uma questão tem como resposta “Muito bom”, “Bom”, “Regular”, “Fraco” ou “Insuficiente”, de modo qualitativo porém precisos. Soraia concluiu com algumas recomendações da Comissão: a avaliação qualitativa precisa de discussão e descrição, não elimina a relação com critérios quantitativos, precisa dos destaques e informações dos anexos fornecidas pelos programas, e “não pode alcançar a objetividade sem a elaboração de critérios precisos, compreensíveis, confiáveis e que demonstrem como se relacionam com o propósito do indicador qualitativo” (trecho do relatório do GT da CAPES — Portaria 65/2024).
Avelino complementou a fala de Altigran e Soraia, dizendo como hoje em dia o quantitativo está muito manipulável, chegando ao ponto de práticas predatórias como se vender a inclusão do seu nome em artigos já aceitos em veículos Qualis A. Por isso a importância de se caminhar mais para o qualitativo, porém é preciso ter transparência e clareza nos critérios. Avelino esclareceu que os critérios serão usados na Avaliação Quadrienal e, apesar de estarem sendo discutidos com o Fórum, só serão divulgados de maneira completa no relatório final da avaliação quadrienal (ou seja, a “receita de bolo” não será dada aos programas antes da avaliação). Altigran complementou dizendo da importância de se caprichar no relatório, explicando bem cada resultado que o programa queira destacar, sempre alinhado com o Documento de Área e a Ficha de Avaliação. A dica é olhar exemplos, em particular programas com notas altas e que na última Quadrienal subiram de nota.
Abriu-se para discussão e comentários, questionou-se se a partir dos quesitos de cada sub-pergunta seria atribuído um conceito para os quesitos e no final a nota do programa. Soraia explicou que este é um caminho possível, porém é preciso também olhar os dados quantitativos e fazer uma avaliação holística do programa. Avelino lembrou também que a avaliação é comparativa, então é preciso avaliar também não só se os programas melhoraram, mas se melhoraram mais ou menos que a média/mediana de todos os programas.
Perguntou-se em seguida sobre a distribuição de notas entre os programas, pois muitas áreas formam uma pirâmide com menos programas nota 7 que nota 6 e assim por diante, porém na Computação isso não ocorre. Avelino disse que as áreas são muito diversas, nem todas formam uma pirâmide. A Computação em particular é uma área nova com muitos programas na base e não se estabelece nenhum critério de número de programas em cada nota. Altigran diz que esta distribuição reflete a história da Computação na CAPES. Philippe Navaux (ex-coordenador do CA-C/CAPES) relatou um pouco dessa história, em que a área de Computação já foi mal vista (ex.: por avaliar publicações em conferências) e sofreu revezes (ex.: intervenção em uma das avaliações quadrienais), o que impactou nessa questão. Avelino mostrou o gráfico de nota dos programas vs. ano de início, mostrando como muitos cursos são recentes. Em 2000 haviam 20 programas, hoje há quase 90. A dificuldade de se distinguir entre as notas 6 e 7 também explica um pouco o formato da área.
Trouxeram uma dúvida sobre como os programas são comparados entre si, se programas profissionais por exemplo são comparados apenas entre si. Avelino e Altigran explicaram que sim, inclusive são comitês separados. Avelino disse até que programas só com mestrado também são comparados entre si, pois é injusto compará-los com programas com doutorado. Perguntou-se também sobre a avaliação de programas nota A (programas que foram criados durante aquela Quadrienal) e Avelino explicou que em geral na primeira avaliação eles se tornam nota 3, mesmo se todos os quesitos recebam avaliação “Muito bom”, visto que vários critérios não possuem nem muitos dados a serem avaliados (ex.: formação). O importante é o programa manter sua qualidade de forma a promover a estabilidade da área.
Perguntou-se então sobre se a avaliação considera o contexto de cada programa, por exemplo comparando os custos que um programa de um grande centro tem para ir a eventos vs. um programa longe destes centros, dentre muitas outras coisas. Avelino e Altigran ressaltaram a importância de se relatar estas questões no relatório do programa, pois são, sim, consideradas.
Questionou-se sobre a transparência dos critérios pelos quais os programas serão avaliados, em particular os programas profissionais. Avelino ressaltou a importância do programa conseguir analisar se tem impacto científico, se fazem transformação do conhecimento e se contribuem para a sua região, ou seja, autoavaliação e planejamento. Para os programas profissionais, estabeleceu-se uma lista com 10 itens prioritários, mas ela não é exaustiva, todo caso de sucesso deve ser relatado e o programa deve ter um entendimento do que é relevante ou não neste contexto. Mais uma vez também ressalta-se a importância do relatório.
Voltando à questão do contexto, questionou-se o uso do IDH da cidade para avaliação de distribuição de bolsas, citando o exemplo de Niterói que tem IDH alto mas recebe muitos estudantes de São Gonçalo, que possui um IDH baixo. Avelino disse que isso vem sendo já discutido na CAPES, os coordenadores tem cobrado o uso de IDH das macro-regiões.
Também questionou-se a obrigatoriedade dos programas terem que apresentar bons resultados em todas as possibilidades de ação mencionadas nos documentos da área. Altigran e Avelino esclareceram que não há essa obrigatoriedade, a área indica tudo que é valorizado, mas cada programa deve encontrar seu perfil, sua vocação e mostrar aquilo que vem fazendo, estabelecendo bem o seu contexto.
Questionou-se sobre a divulgação das questões e métricas da Comissão de Avaliação Qualitativa, pois a Avaliação Quadrienal pode ser muito diferente se isso for divulgado ou não. Soraia explicou que todas as subperguntas foram derivadas do Documento de Área e Ficha de Avaliação. Avelino disse que o objetivo da definição dos critérios precisos é trazer mais “accountability” para o processo, porém defende que isso seja divulgado apenas após a avaliação, visto que os documentos da área já trazem a informação de outra forma. As subperguntas e métricas são um checklist para o trabalho dos consultores da avaliação quadrienal, de modo a melhor organizar este trabalho.
Após as perguntas, Avelino seguiu com a apresentação, lembrando que os documentos para esta quadrienal são os mesmos da quadrienal passada e apresentando o que já está sendo trabalhado para os documentos da próxima quadrienal. Uma das mudanças significativas é remover a palavra “Qualis” destes documentos, substituindo pelos critérios que já são utilizados (percentis, H5, indicação pelas CEs da SBC). Outra questão é relativa às disciplinas obrigatórias, em que vai ficar mais explícito que o que se precisa garantir é que os egressos saibam os conceitos base da Computação. A estrutura proposta para o documento pode ser vista nos slides apresentados pelo Avelino, já apresentados aos coordenadores no Seminário de Meio Termo da CAPES.
Damires Fernandes (UFPB) e Daniel Pigatto (UTFPR Curitiba) explicaram que a motivação deste GT a partir de uma provocação da CAPES pra primeiramente entender como os cursos profissionais têm lançado as produções técnicas e tecnológicas (PTT), bem como os tipos que normalmente são relatados. O GT definiu como método de trabalho 1 – entender a terminologia e o significado dos itens de PTT; 2 – gerar definições padronizadas, realizando alinhamento; 3 – identificar os potenciais itens como relevantes; 4 – discutir os itens relevantes em cada PPG; e 5 – fechar a padronização e elaborar um relatório parcial.
Como pressupostos, estabeleceram que toda PTT deve estar vinculada às linhas de pesquisa dos PPGs, não deve ser lançada de maneira duplicada, e algumas PTTs foram consideradas não representativas: apresentação de trabalho; cartas, mapas ou similares; desenvolvimento de material didático e instrucional; desenvolvimento de técnica; manutenção de obra artística; e maquete.
Apresentaram então os itens que consideraram relevantes, questões associadas a cada item (para discussão no Fórum) e instruções de como lançar os PTTs no Lattes. As tabelas com estas informações podem ser encontradas nos slides apresentados pelo GT. Como encaminhamentos, sugerem: continuidade do GT para elaboração de mecanismos para mensuração de PTTs com base nos impactos esperados; e revisão e/ou retirada da proporção de 3×1 de artigos de eventos por artigos de periódicos.
Na discussão, pontuou-se verificar como os programas acadêmicos já fazem alguns destes lançamentos; considerar que há comitês de programa em que a quantidade de artigos recebidos pra revisão é diferente; e que software livre também deveria ser registrado. Avelino comentou sobre participação em TPCs não caber de fato em organização de eventos e de palestras não se encaixar bem em programas de rádio ou TV, a menos que seja publicada em áudio ou vídeo. Comentou também sobre o encaminhamento da proporção 3×1 não caber no contexto desta discussão e de que não costuma ser um problema na avaliação quadrienal. Disse ainda que para a CAPES o interessante é o próximo passo do trabalho, de se estabelecerem critérios de avaliação. Perguntou se o GT já havia avançado alguma coisa nesta questão e Damires respondeu que ainda não, pois era preciso primeiro fechar o entendimento da maioria sobre a especificação dos subitens relevantes.
Filipe Saraiva (UFPA) e Bruno Zarpelão (UEL) explicaram que após a COVID-19 o assunto deste GT foi levantado para entender o quão presente atividades híbridas são nos PPGs, como são normalizadas, quais os benefícios e os problemas segundo os PPGs. A definição do ensino híbrido tem duas visões principais na prática: aulas com alunos presenciais e remotas; ou alternância entre atividades presenciais e remotas. A partir de uma pesquisa com os PPGs, na qual aproximadamente 40 programas responderam, apresentaram estatísticas sobre uso de ensino remoto, orientação remota, estratégia adotada para as disciplinas e percentual de disciplinas híbridas nos programas.
Dentre as práticas relatadas, destacam a diferenciação do híbrido e do EaD, com aulas virtuais síncronas sem que sejam gravadas para serem assistidas quando os estudantes quiserem (em 2x) e sem interação; que a montagem de salas de ensino híbrido ainda é um desafio técnico; e a necessidade de monitorar o rendimento dos alunos para acompanhar o impacto (e como fazê-lo?). Com relação a normativas, há regras muito diferentes nas diversas instituições, porém um ponto em comum é a definição de ensino híbrido como atividades remotas síncronas.
Dos benefícios, destacam-se mais condições de atrair e fixar estudantes, melhor aproveitamento do corpo docente em PPGs multicampi e oferta de disciplinas em rede. Já com relação aos desafios e limitações, mencionaram a diminuição do engajamento e pertencimento; aumento do isolamento (ligado a questões de saúde mental); distorções no rendimento dos alunos; e a falta de infraestrutura para ofertar e acompanhar atividades híbridas.
Nas considerações finais do GT, mencionaram ser inócuo querer coibir a prática de atividades híbridas, mas uma regulamentação traria maior segurança. As experiências relatadas são em sua maioria positivas e vem ajudando a remediar algumas dificuldades estruturais. Reforçaram que as atividades síncronas são a chave para distinguir ensino híbrido de EaD e ressaltaram a necessidade de flexibilidade e de acompanhamento do desempenho dos estudantes.
Na discussão, Avelino colocou que o rendimento nas disciplinas é menos relevante em PPGs do que a qualidade da dissertação, prêmios, situação dos egressos, etc., ao que Bruno concordou, porém foi o que os PPGs conseguiram avaliar no curto prazo. Perguntou também se o GT olhou o parecer do CNE de agosto/2023 que define ensino híbrido para estabelecerem a definição do GT. Bruno respondeu que este parecer não estava no radar do GT até ser mencionado aqui no CSBC, portanto teria que ser ainda analisado.
Altigran destacou que a discussão até o momento focou muito em ensino, que é apenas parte da pós-graduação, portanto há espaço para explorar as demais atividades.
Comentou-se ainda sobre os resultados do GT apresentados aqui refletem a realidade da Computação, mas outras áreas podem ter culturas e opiniões bastante diferentes. Sugeriu-se também como trabalho futuro um catálogo de boas práticas deste tipo de ensino para ser levado aos docentes dos PPGs. Silvio Guimarães (PUC Minas, também parte do GT) relatou que o que o GT conseguiu fazer foi analisar a situação atual e trazer o que é feito, mas ainda não foi possível chegar ao ponto de elencar boas práticas.
Renata Araújo (Makenzie) e Roberto Pereira (UFPR) trouxeram proposições para reflexão e provocações sobre o assunto. Após relato do processo adotado pelo GT, apresentaram as questões analisadas: mudança de paradigma (da avaliação ao planejamento) — considerada a questão central —, equilíbrio nas dimensões qualitativas e quantitativas, planejamento e avaliação da formação, sistemas computacionais de apoio à pós-graduação, “apagão” da coordenação e de recursos e a questão da Ciência Aberta.
Com relação à questão central, destacou-se que na evolução da pós-graduação brasileira, e em particular na Computação, a avaliação teve um papel importante porém também gerou distorções. A indicação em 2019 pela CAPES da importância do planejamento e da autoavaliação já indicava a mudança do paradigma, que envolve dar autonomia à cada PPG para definição de sua identidade. Mencionou desafios que merecem importante reflexão em relação a esta mudança de paradigma. Relatam, enfim, que no relatório o GT traz proposições para a CAPES, para o CA-C, para o Fórum e para os PPGs (para cada uma das questões).
Sobre os demais pontos, ressaltaram o movimento que o CA-C/CAPES já está fazendo no sentido do equilíbrio das dimensões qualitativas e quantitativas; desafio de se encontrar indicadores de qualidade e diretrizes de planejamento da formação de estudantes, bem como uma ausência de discussão mais aprofundada de currículo nos PPGs; deficiências e dificuldades de uso dos sistemas computacionais de apoio, com muitos sistemas voltados para avaliação mas pouco para planejamento; a sobrecarga cada vez maior do coordenador (e sem reconhecimento equivalente), que chamaram de “apagão” da coordenação, carecendo de mecanismos de valorização do cargo; a defasagem do investimento em pós-graduação (apesar de recentes respiros), também chamada de “apagão” de recursos, destacando a importância da pós-graduação estar no centro das políticas de C&T e a falta de estudos que analisem o impacto socioeconômico da pós-graduação; a presença da Ciência Aberta na pauta global mas sua ausência em nossa pauta local. Tudo está detalhado no relatório do GT, disponível no site com o material do Fórum.
Destacando novamente a mudança de paradigma como questão central, concluem com propostas mais imediatas, como leitura do relatório do GT, priorização das questões e criação de novos GTs, as articulações com a SBC e com o CA-C, colocar a pós-graduação como ator central nos Grandes Desafios propostos pela SBC, ampliar o espaço de discussão e trabalho do Fórum e organizar uma página/repositório com informações e documentos do Fórum de modo a deixá-la mais evidente a todos.
Na discussão, perguntou-se se fez parte do escopo do GT fazer levantamento de boas práticas de planejamento dos programas mais consolidados ou pretende-se colocar isso para o trabalho futuro. Renata responde que foi uma das proposições do GT, que ainda não foi feito, então cabe ao Fórum priorizar isso para um futuro GT.
Sobre recursos, refletiu-se se deveríamos fazer pressão sobre legislações que garantissem recursos para a pós-graduação. Roberto destacou que os PPGs não possuem tanta flexibilidade em relação a recursos, mas podemos como Fórum pressionar nossas instituições, que tem maior capacidade neste contexto.
Sobre Ciência Aberta, ressaltou-se apenas um cuidado com como ela foi predada por grandes editoras. Roberto destacou que no relatório fala-se sobre Ciência Aberta e Responsável, portanto a questão está no radar.
Ainda sobre recursos, sugeriu-se o envolvimento da iniciativa privada nas discussões, para ouvir essas iniciativas e relembrou-se o movimento que a CAPES fez em 2010-2015 de envolver consultores estrangeiros que já à época trouxeram algumas das questões pontuadas aqui, então isso poderia também ser retomado. Renata complementou ressaltando que o Fórum precisa ser um espaço de proposição e crítica por parte de todos os coordenadores para que possamos avançar. Ainda neste contexto, destacou-se a falta de acesso às bases de dados de artigos, que é bem prejudicial aos programas.
Altigran pontuou que boa parte das questões pontuadas são mais abrangentes do que apenas a pós-graduação, sugerindo interlocução com os pró-reitores no FORPROP em relação a boa parte do que foi discutido. Seria interessante pensar nestes diferentes caminhos de forma criativa para endereçar as questões propostas. Roberto ressaltou que a separação das proposições em autores é um pontapé inicial, para que cada um desses atores busquem exatamente estes caminhos.
Avelino mencionou que vários aspectos relatados estão no radar da CAPES para os novos documentos de área (ex.: Ciência Aberta), mas que já está pensando em como levar o resultado do GT para os diferentes fóruns que participa, como o CTC por exemplo. Mencionou também o GoPG da CAPES, que tem mais informações no site https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/avaliacao/programa-de-governanca-colaborativa-de-informacoes-da-pos-graduacao-gopg e inclui iniciativas para facilitar o trabalho dos PPGs.
Renata concluiu reforçando que todo este trabalho mencionado é um trabalho do Fórum PG da SBC, sendo o resultado do GT um pontapé e uma chamada para participação.
Cláudia Motta (Diretora de Educação) falou da chamada da 4ª edição dos Grandes Desafios da Computação 2025-2035, cuja chamada sairá em breve, 10 anos após a última edição. O convite para submissão de artigos e para participação dos seminários a serem realizados é particularmente importante, pois a compilação dos resultados será enviada ao Governo para embasar futuros editais e políticas públicas.
Falou também do ProfComp, proposta da SBC cuja expectativa é ser aprovada em breve, para um programa de mestrado profissional para formar professores de Computação para a educação básica, motivada pela inclusão da Computação no Ensino Básico na BNCC.
Jacques Brancher (UEL), homenageado pela Diretora de Educação antes de sua fala, apresentou uma prestação de contas do POSCOMP (Exame Nacional para Ingresso na Pós-Graduação em Computação), com a qual está envolvido desde 2010. Apresentou o histórico do exame e alguns números da prova — que chegou a ter 4.219 inscritos em 2016, 2.892 inscritos em 2019, mas com a sua suspensão em 2020-2021 (pandemia), apenas 536 inscritos em 2022 (já no modelo online) — e seu balanço financeiro. Por fim, agradeceu à SBC pela confiança em seu trabalho e pela homenagem, ficando à disposição de quem quiser assumir este trabalho, pois está se desligando da tarefa.
Emerson agradeceu todo o trabalho desenvolvido junto ao Fórum e abriu para que as pessoas se apresentassem como candidatos(as) à coordenação do Fórum. Rafael Kunst (UNISINOS) e Karin Komati (IFES-Serra e atual vice-coordenadora do Fórum) se apresentaram como candidatos a coordenador e vice-coordenadora respectivamente, sendo eleitos pelo Fórum.
Emerson apresentou suas considerações finais, dizendo da vontade de que os trabalhos iniciados este ano possam prosseguir, seguindo a interlocução com CAPES e CNPq como vem acontecendo. Lembrou que qualquer membro do Fórum pode pedir para participar de qualquer GT ainda hoje, se quiser. Abriu então para que os membros possam fazer considerações para os GTs existentes ou sugestão de novas frentes de trabalho.
Sugeriu-se o fortalecimento do POSCOMP como um tema para o Fórum trabalhar no futuro, por já ter sido um diferencial da área de Computação, em que uma prova feita em sua região permitia concorrer em programas de pós-graduação em vários lugares do Brasil.
Conversou-se também sobre ampliar a duração do Fórum para 2 dias no CSBC, ideia que foi bem acolhida pelos membros do Fórum. Emerson irá levar a questão aos organizadores do evento para ver a viabilidade de se fazer um experimento de 2 dias no próximo CSBC.
Emerson perguntou aos participantes se achavam que o Fórum deveria discutir a questão da participação de mulheres no Fórum. Na discussão, refletiu-se sobre o problema estar na base, de modo que com menos mulheres na área e por consequência nos programas e nas coordenações, leva a menos mulheres no Fórum e também na coordenação do Fórum e muitas vezes à sobrecarga daquelas que participam. Além disso, propôs-se também pensar em outras formas de representatividade, por exemplo de programas profissionais.
Na questão de sobrecarga, foi trazida a dúvida se existia restrição de ter que ser coordenador de PPG para ser coordenador do Fórum, pois tendo tido experiência de coordenador mas não tendo mais as responsabilidades de um pode ser uma vantagem para se ter mais tempo para as responsabilidades do Fórum. Cláudia concordou que não deveria existir esta limitação, consultou a gerência da sede que informou desconhecê-la e disse que irá validar também junto à diretoria da SBC.