Vítor E. Silva Souza

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Curriculum Vitae (CNPq Lattes) Google Scholar

Em outubro de 2023, um incidente na infraestrutura de TI do Departamento de Informática/UFES causou a perda de atualizações recentes feitas nos sites hospedados pelo departamento. Desta forma, estou recuperando das minhas anotações e republicando este resumo, caso seja do interesse de outras pessoas.


De 06 a 11 de agosto de 2023 participei do 43º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação (CSBC 2023), em João Pessoa, PB. 

Tenho o costume de escrever breves resumos das apresentações que assisti (de modo a me forçar a prestar atenção às apresentações e para tentar compartilhar o conhecimento com outros), vide 2022, 2019 e 2018 (rolou um hiato durante a pandemia).

O CSBC é composto por vários eventos que ocorrem em paralelo, portanto fui escolhendo aqueles que achei que me seriam mais proveitosos.

Fórum PG (segunda-feira, 07/08)

Flávio deu as boas-vindas, passando a palavra pra mim e pra Cláudia Motta, eleita para Diretoria de Educação da SBC (assume na quinta-feira) para as boas-vindas também. Cláudia aproveitou pra ressaltar a importância dos programas responderem a enquete sobre o uso ou não do POSCOMP.

Flávio então falou sobre o Fórum para quem está participando pela primeira vez e apresentou a agenda:

Retrospectiva:

Flávio mencionou algumas das ações do Fórum no último ano: atuação em modelo híbrido (reuniões virtuais ao longo do ano), trabalho de forma integrada com o CA-CC/CAPES (propostas e articulações), criação e manutenção do grupo de WhatsApp, articulação pra indicação dos membros do CA-CC/CAPES, reunião online com o CA-CC/CAPES após a Avaliação Quadrienal e antes do prazo de recursos, consulta sobre o POSCOMP, reunião online com o novo CA-CC/CAPES sobre o planejamento futuro, consulta sobre o nome da área na CAPES, reunião online com o prof. Nabor Mendonça (UNIFOR) sobre a ferramenta QLattes, enfim a reunião presencial do Fórum no CSBC hoje.

Próximos passos e desafios para área da Computação:

Abriu então a palavra para o membros do Fórum discutirem quais os próximos passos para o Fórum e os desafios para a área da Computação. Levantou alguns pontos para dar a partida na discussão:

  • Modos de ensino (presencial, híbrido, etc.);
  • Atualização do Qualis para a próxima Quadrienal;
  • Fortalecimento das área de Computação frente a outras áreas;
  • Definição do entendimento sobre os níveis esperados para cada conceito CAPES (nota 3, nota 4, etc.);
  • Contribuições para o próximo documento de área, que deve ser fechado até o final de 2024;
  • Sugestões de mudança para a Plataforma Sucupira.

Jacques Branches (UEL): resgatou um pouco da história do Fórum, ressaltando a importância da articulação para que aconteçam mudanças desejadas. Falou também do POSCOMP, da importância da participação do Fórum na definição de como serão as provas no futuro. 

Fabrizzio Soares (UFG): trouxe a questão da bolsa CAPES-DS agora poder acumular com outro vínculo empregatício, num contexto em que muitos estudantes fazem boa parte da pós de maneira remota. Como os programas vão lidar com essa questão? Qual será a política de direcionamento das bolsas? O POSCOMP poderia ter um papel nisso?

Marcelo Maia (UFU): falou do contexto da pandemia e do aquecimento do mercado e como isso impactou os programas, inclusive também o uso do POSCOMP, pois critérios de ingresso foram relaxados devido ao contexto.

Charles (UDESC): relatou a experiência do programa, colocando POSCOMP como opcional e critério para alocação de bolsas, o que funcionou bem até o aquecimento do mercado, que gerou sobra de bolsas. Fizeram uma proposta à FAPESC para que o PPG recebesse a verba e pudesse definir os valores das bolsas de forma estratégica. Discussão ainda em andamento e a decisão da CAPES vai interferir nisso.

Sheila de Almeida (UTFPR Ponta Grossa): falou da precariedade do bolsista (sem direitos trabalhistas) e da defasagem dos valores (mesmo com o recente aumento), sendo que boa parte da pesquisa no Brasil é feita no contexto da pós-graduação. Falou da “faca de dois gumes” que é a decisão da CAPES, pois ao mesmo tempo que atrai mais interessados para as bolsas, não garante que estes bolsistas conseguirão produzir, tendo outro vínculo empregatício. Acha interessante a proposta mencionada pelo Charles do programa definir os valores.

Ângelo (Estadual de Feira de Santana): trouxe o desafio de estabelecer os planos para a área de TI e para o sistema de pós-graduação nacionais. Precisamos de um diagnóstico mais claro (números) da queda do interesse e do contexto já mencionado pelos colegas. Uma questão com relação à decisão da CAPES é: como os programas serão cobrados em relação à conclusão de seus bolsistas, que agora terão a mesma dedicação dos não-bolsistas? Importante discutir sobre ingresso e conclusão na pós-graduação.

Carla (UFABC): mencionou uma grande queda no número de inscritos, mesmo estando na região metropolitana de São Paulo. Preocupada também com a cobrança de prazos para estes novos bolsistas. Falou também da importância de voltar a usar o POSCOMP.

Sebastião (UERN, Mossoró): falou do desafio de tirar um programa que esteja estagnado no nível 3. Difícil aumentar a produção (publicações e defesas) num contexto de falta de recursos. Parceria com outra instituição também não resolve aos olhos dos avaliadores.

Felipe Saraiva (UFPA): falou da importância do POSCOMP, que é usado como critério para alocação de bolsas, mas está preocupado com o novo modelo online. Acharia melhor cada instituição realizar a prova localmente. Sobre o mercado aquecido, também sofrem o impacto mas vê como algo positivo para a área e os programas precisam achar meios de se adequar. Parabenizou a iniciativa do WhatsApp, mas ressaltou da importância de usar a lista de e-mails também para manter o histórico das discussões para os novos membros.

Vládia Pinheiro (UNIFOR): falou que as universidades privadas já lidam com algumas destas questões que foram mencionadas hoje. Mencionou algumas estratégias usadas para mitigar as questões, como entrada primeiro como aluno especial, FAP local com bolsas diferenciadas, muito foco em projetos com empresas, integração de estudantes vindo de outras áreas (em especial Engenharias).

Emerson Paraíso (PUC-PR): relembrou que o Jacques fez no ano passado um levantamento de custos para novas modalidades para o POSCOMP e perguntou se teríamos a informação de quanto está custando a prova online este ano. Falou da importância de mais momentos de debate presencial, nos quais a troca de experiência é mais rica do que em eventos virtuais.

Davi Viana (UFMA): preocupação com estudantes que não possuem infraestrutura para realizar o POSCOMP online, estão pensando em alternativas (ex.: disponibilizar o laboratório da universidade no dia da prova). Preocupado com o caso de ter problemas com a Internet da universidade no horário da prova. 

Daniela Claro (UFBA): compartilhou que houve uma grande procura (33%) de candidatos de outras áreas para a pós em Computação. Importante pensar em formas de agregar pessoas com este perfil aos cursos.

Tadeu (UNIRIO): preocupação do uso do POSCOMP exatamente no perfil citado pela Daniela, pessoas que vem de outras áreas, que são “excluídos” se POSCOMP for um critério obrigatório. Mencionou também o uso do turno noturno para acolher pessoas que trabalham durante o dia.

Jacques: em resposta ao Emerson, não possui informações de custos atualmente. Mencionou como era o acordo no passado (antes da Fundatec). Em resposta ao Davi, em caso de problema com a Internet, não há o que fazer, pois a prova é única.

Roberto (UFPR): ponderou que a SBC e o Fórum deveriam pensar numa mudança do POSCOMP para se adequar ao cenário que temos hoje. Talvez passar para um modelo mais formativo, como uma certificação e talvez um curso.

Itana Gimenez (Diretora de Educação): concordou com Roberto sobre a mudança do POSCOMP como um todo, do zero. Importante o Fórum assumir o POSCOMP, criar uma comissão para repensar o exame e levar as propostas à SBC.

André (UF Lavras): voltando à discussão das notas da CAPES, mencionou um levantamento que fez no passado que mostrava que a Computação era uma das áreas que mais mantinha programas com notas 3 e 4, porém lhe parece que mais recentemente essa situação mudou, mas precisa levantar os dados mais recentes. Lembrou também que a área de Computação já fez um trabalho comparando PPGs em Computação do Brasil com outros do exterior para definir junto à CAPES o que são programas nota 6 e 7. Uma metodologia similar poderia ser usada para definir as demais notas. Um GT no Fórum poderia ser formado para isso.

Fabrizzio: também precisamos definir o que é o programa nota 5, pois o discurso nas universidades e agências de fomento é que nota 3 é emergente e nota 4 é em consolidação, apenas os programas nota 5 estão consolidados, o que é diferente do discurso do CA-CC/CAPES atual. Mencionou também o problema do fomento da pós-graduação, especificamente a forma como o PROAP é distribuído. Também levantou o problema da tendência de todos os periódicos se tornarem open access, como pagar estes custos? Falou da importância do Fórum elaborar pautas para levar para o seminário de meio termo. Por fim, colocou também preocupações com relação a projetos feitos junto a empresas que exijam confidencialidade, como isso impacta nos programas.

Francisco “Fubica” Brasileiro (UFCG): é coordenador de curso de graduação e trouxe que os problemas de evasão em relação ao aquecimento do mercado também estão sendo sentidos na graduação. Falou que a definição do que é um programa 3 e 4 é importante para dar segurança aos programas em saber se vão se manter ou se vão cair de nota.

Jacques: acha difícil que hajam critérios precisos para cada nota, pois a avaliação é sempre comparativa. Falou também da importância dos programas divulgarem em seus sites suas linhas de pesquisa e que haja uma padronização das linhas entre os programas.

Marcelo: mencionou que a definição das características dos programas de cada nota também tem uma definição que vem do CTC da CAPES e uma conversa com o CA-CC é importante até para que eles intervenham junto ao CTC se for o caso.

Silvio (PUC-Minas): mencionou que a questão do acúmulo de bolsa foi tema de reunião da FAPEMIG recentemente, isso vai impactar as fundações. Trouxe a questão do ensino híbrido para a discussão (ainda não havia sido mencionada), perguntando se não seria o caso de ter um GT no Fórum para discutir este assunto, para que não chegue no caso de cada instituição criar seu próprio modelo.

Eleição da próxima coordenação do Fórum:

Houve conversas durante a parte da manhã, mas adiou-se a decisão para a parte da tarde, para que houvesse mais articulação.

Ao final da programação do Fórum, foram eleitos Emerson Paraíso (PUC-PR) e Karin Komati (IFES, Campus Serra – ES) para coordenador e subcoordenadora, respectivamente, do Fórum.

Reunião com CA-CC/CAPES:

Na parte da tarde, foi realizada a tradicional reunião do Fórum PG com o Comitê de Área da Ciência da Computação da CAPES, com a presença de dois de seus membros: Avelino Zorzo (coordenador) e Teresa Ludermir (coordenadora adjunta para programas acadêmicos).

Avelino começou dizendo que estão sendo rediscutidas uma série de questões (portarias, planos estratégicos, etc.), acumulando bastante trabalho. Fez um apresentação do CA-CC, cujos slides podem ser vistos neste link.

Em seguida, abriu-se para perguntas dos membros do Fórum:

  • A avaliação multidimensional será utilizada na próxima Quadrienal? R: a discussão parou durante os últimos anos e deve ser retomada. A percepção é de que não irá acontecer por enquanto;
  • O acordo com o MPF prevê que o mesmo documento de área seja usado na quadrienal atual. Nem os pesos serão mudados? R: não. A única mudança será pedir para informar docentes com licenças parentais. Fora isso, nada muda por conta do acordo. Para a quadrienal seguinte, o Documento de Área e a Ficha de Avaliação serão discutidas e redefinidas no ano que vem para valer em 2025;
  • No Documento de Área está claro que o docente colaborador não conta no denominador, mas não está claro se ele conta ou não no numerador. R: se for publicação apenas do colaborador, não conta. Se tiver participação discente, conta na produção discente. Avelino aproveitou pra pedir maior cuidado com o atendimento à Portaria 81 (que define professor permanente), pois apenas 3-4 programas registraram corretamente na última quadrienal. O CA-CC foi bem flexível, mas poderia ter dado problema no CTC;
  • Se um docente atende os critérios da Portaria 81 mas o PPG tiver critérios adicionais e algum docente atende a portaria mas não o PPG, ele pode ser declarado como colaborador? R: não há uma resposta precisa. O CA-CC não olhou na última quadrienal (até por conta do problema mencionado anteriormente), mas o CTC poderia olhar e mandar considerar como permanente, por atender à Portaria;
  • Os produtos técnicos e tecnológicos (PTTs) estão ganhando relevância, mas não está claro como serão avaliados. Como o CA-CC está vendo isso? R: no momento, apenas uma análise qualitativa. Os programas devem descrever a complexidade, inovação, relevância, demanda, abrangência e replicabilidade das suas melhores PTTs. Sugeriu que o Fórum faça um GT para discutir isso e entrar nas discussões da próxima quadrienal;
  • Uma portaria excluiu a variável de tempo de titulação na quadrienal passada. Ela será excluída também nesta? R: está explícito na Ficha de Avaliação da quadrienal passada que esta variável não seria considerada e isso será mantido na área de Computação para esta quadrienal;
  • Os PPGs receberão alguma orientação do que deve ser preparado pro Seminário de Meio Termo (SMT)? R: sim, serão preenchidos dados e a apresentação será consolidada pelo CA-CC ao invés de cada PPG apresentar, como ocorreu no SMT passado. Será enviado em breve;
  • O que o CA-CC quer dizer com “valorizar” uma publicação associada a dissertação ou tese? R: nos diversos locais onde aparece “valoriza-se” no Documento de Área, isso indica que irá contar para a avaliação qualitativa. Os itens avaliados qualitativamente compõem com as variáveis quantitativas a avaliação de cada quesito, podendo elevar o conceito (no caso do PPG ter vários itens que se valoriza);
  • Após o SMT a CAPES irá abrir a coleta para ajustes? R: geralmente ela abre, então a expectativa é que abra também desta vez;
  • Colaborador orientar é recomendado ou não? Tem limite? R: deve ser bem explicado (como na discussão anterior sobre a Portaria 81) para não parecer que se está escondendo alguma coisa;
  • Como o CA-CC vê a definição dos critérios para ser nota 3, 4, ou 5? R: há uma portaria (122?) que define as avaliações mínimas em cada conceito (entre Insuficiente, Regular, Bom e Muito Bom) para cada nota. Para além disso é uma análise quantitativa e qualitativa, deve-se levar em consideração muitas questões, com preocupação para que seja aprovado posteriormente no CTC;
  • Para avaliação, bolsistas DT e PQ são equivalentes? R: sobre o ponto de vista do CNPq, DT e PQ são equivalentes. O CA-CC segue esta mesma indicação;
  • Como funcionou a consideração dos veículos predatórios? R: o CA-CC foi bastante rígido, onde havia “fumaça”, foi desclassificado. Há um documento da CAPES indicando o que se espera de veículos (ter corpo editorial, artigo ser completo, tempo de revisão, etc.). Veículos que não atendessem estes critérios foram desclassificados;
  • Existe algum limite para participantes externos que atuam, por exemplo, como colaboradores? R: a princípio, não. Mas há um cuidado para que não exista exagero;
  • Onde podem ser descritas as explicações que foram citadas nas respostas anteriores? R: na Proposta de Programa, onde fala sobre Corpo Docente você pode justificar as questões de docente externo por exemplo;
  • Foi mencionada a importância da ciência básica. Isso pode ser traduzido de maneira mais concreta em relação à avaliação? R: será olhado de forma qualitativa, mas com bastante cuidado se o PPG prover uma justificativa;
  • Como será olhado o fenôeno da queda de ingressantes que ocorreu nos últimos anos? R: é uma grande preocupação e uma discussão constante na CAPES, em muitas áreas. Não há uma resposta, será preciso analisar o cenário.
  • Os professores visitantes contam nos números da avaliação? R: assim como os colaboradores externos, não contam no corpo docente permanente, que é o conjunto de docentes que sustentam o PPG. Porém são aspectos positivos, se contribuem com o corpo permanente. Colaborador, externo e visitante estão quase na mesma categoria, só que para colaborador há um limite e os demais devem ser mais esporádicos;
  • Como são analisados os indicadores per capta e comparação com outros PPGs? R: deve se ter um equilíbrio entre os números per capta que são comparados com os demais programas (que às vezes levam programas a cortar docentes menos produtivos para aumentar os indicadores) e números totais. Um número muito baixo de docentes pode deixar o programa com risco de não se sustentar, por exemplo. Deve se ter muito cuidado ao “cortar” docentes dos programas.

Painel SECOMU (segunda-feira, 07/08)

Tema: Oportunidades e desafios da integração dos mundos físico e digital na educação: aprendizagem e geração do conhecimento

De segunda à quarta, das 18h às 20h, realizava-se o Seminário de Computação na Universidade (SECOMU). O primeiro deles tratou do tema “Oportunidades e desafios da integração dos mundos físico e digital na educação: aprendizagem e geração do conhecimento”, foi mediado pela profª. Itana Gimenes (UEM-PR e Diretora de Educação, SBC) e contou com os seguintes painelistas:

Suzana Dos Santos Gomes (Diretora de EAD, CAPES):

Começou com um histórico da política formação de professores da CAPES desde a criação do órgão em 1951. Apresentou as diretorias de Educação Básica e de Educação à Distância. Apresentou em mais detalhes o sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB), com mais de 900 polos em todo o Brasil. A UAB tem mais de 115 mil formados em cursos de licenciatura e mais de 71 mil atualmente matriculados. Também tem 79 mil formados e 19 mil matriculados em cursos de formação continuada (lato sensu). Falou também do PROEB, que congrega 13 programas de Mestrado Profissional para qualificação de professores (ProfMat, ProfBio, etc.), com um total de mais de 22 mil matriculados de 2020 a 2023. Apresentou também brevemente o programa Ciência é Dez. Finalizou com as ações futuras da sua diretoria: programa de doutorado profissional para professores, preenchimento de vagas nas editais PROEBs, Inova EaD, novo Edital da UAB, retomada dos cursos em parceria com as secretarias do MEC, interrompidas no governo anterior.

Rodolfo Jardim Azevedo (UNICAMP):

Começou mencionando que a sala de aula mudou pouco desde o início do milênio passado. Trouxe então alguns exemplos de novidades tecnológicas que impactaram a educação ao longo do tempo, atéo exemplo recente do ChatGPT. As tecnologias de um jeito ou de outro serão utilizadas, então temos que nos adequar. Questionou então: o quanto o trabalho do professor está realmente relacionado ao atendimento ao aluno? Neste contexto, se fala muito sobre presencial vs. EaD, porém mais interessante seria analisar os eixos de entrega (via instrutor / via tecnologia) e o conteúdo (receber / aplicar), compondo muitas variações de ensino híbrido. Trouxe então algumas experiências da UNIVESP (Universidade Virtual de São Paulo), da qual ele foi presidente durante um período. Uma questão relevante é que os alunos possuem ritmos diferentes em momentos distintos da aprendizagem. Possuem tempos de dedicação diferentes de acordo com seus contextos de vida. Importante entender e considerar o tempo dos alunos.

Mariza Ferro (UFF):

Abordou os impactos da IA na Educação. Do ponto de vista da oportunidade, ferramentas de IA podem auxiliar na personalização do ensino e melhoria da aprendizagem dos estudantes. Pode ajudar os professores a usar melhor seu tempo para se dedicar aos alunos. Pode também ajudar o sistema como um todo (relatórios, estratégias de gestão, etc.). Pôde-se também identificar desafios, principalmente éticos, neste contexto da IA para a Educação. Mas é preciso pensar também em Educação para a IA, abordando assim estes aspectos éticos. Isso se relaciona com o que a UNESCO chama de Cidadania Digital. Estamos preparados para isso? Como estamos trabalhando isso nos cursos de Computação, para que produzam, no futuro, uma IA ética? É preciso trabalhar no desenvolvimento de pensamento crítico dos estudantes ao longo da graduação. Como estamos trabalhando estas questões dentro de nossas instituições?

Cris Lacerda (CESAR School):

Abordou o movimento Maker, primeiramente diferenciando a fabricação tradicional (a partir de moldes físicos) e a fabricação digital de objetos, considerada uma importante revolução. Falou da criação dos FabLabs, hoje mais de 2 mil integrados em uma rede mundial, grande parte deles no contexto da educação (Educação Maker). Falou do sucesso que tem sido em Recife a integração do mundo físico com o digital por meio do movimento Maker, em todos os níveis de ensino. Traz a reflexão de como isso poderia ter impacto até nas cadeias de produção e distribuição, a partir do Design Distribuído, que enviara não produtos físicos feitos numa fábrica para todo o mundo mas os dados de uma fabricação digital para os diversos FabLabs em todo o mundo. Relatou o caso que ocorreu durante a pandemia da COVID-19, em que diversos produtos (válvulas, face shields, respiradores) foram sendo criados (designed) de forma distribuída e compartilhada para serem fabricados onde eram necessários. Finalizou mencionando iniciativas da CESAR School na aplicação de aprendizado baseado no fazer.

Sessão de perguntas:

  • Como podemos desenvolver habilidades de letramento digital nos cidadãos se os professores não tem formação inicial/continuada? Como a SBC pode ajudar nesta discussão, bem como contribuir e cobrar políticas públicas? R: Itana lembrou das contribuições que a SBC já dá, como a proposta de inclusão da Computação na Educação Básica. Mariza falou que a resposta está na própria pergunta: políticas públicas. Outras soluções são de pequena escala. Suzana concordou com a necessidade de formação e mencionou possibilidades de usar a estrutura de EaD da CAPES para criar cursos de formação em ensino de Computação.
  • Muito interessante a apresentação sobre cultura Maker, porém a criação de FabLabs é um sonho meio utópico para a maioria das universidades, algumas delas mal conseguem um laboratório de informática. Como democratizar isso? R: Cris concordou que é realmente um desafio, pois ainda que alguns dos equipamentos sejam mais acessíveis, outros são extremamente caros. Em algumas universidades, professores com diferentes projetos com verba se juntaram para cada um adquirir um equipamento diferente para serem utilizados em conjunto. Em alguns casos é necessário mesmo o investimento público. Itana ressaltou que a ideia de trazer o movimento Maker para o painel não era apenas o foco nos FabLabs mas em toda a ideia da educação pelo fazer.
  • Quais são as iniciativas dos FabLabs para microempreendedores de modo a auxiliar na difusão do design distribuído, como apresentado no painel? R:  os FabLabs possuem um “Open Day” para que pessoas de fora dos laboratórios possam experimentar. Inicialmente o interesse era de estudantes, mas posteriormente microempresários também começaram a se interessar. Há também o compartilhamento de sobras de materiais com empresas. Junto com a Educação Maker também surgiu o Empreendedorismo Maker, que tem atuado neste contexto.

Reuniões SR

Participei do CSBC como Secretário Regional SBC no Espírito Santo, tendo algumas atividades específicas a esta posição.

Reunião conjunta CEs, SRs, Diretoria e Conselho

Macedo relatou o que foi aprovado na reunião do conselho:

  • Extensão de prazo pra Comissão de Ética 
  • Construção de resolução para limitar o mandato de SRs para 4 anos

Em seguida relatou as ações da diretoria nos últimos anos. Mencionou que um relatório escrito será publicado em breve na SOL.

Passou a palavra para Cristiano, que fez um relato do trabalho com as Comissões Especiais.

Em seguida, Duduchi falou das Secretarias Regionais.

  • 25 SRs abarcando todo território nacional;
  • SP com 2 SRs, Norte com SRs que abarcam 2 estados;
  • Vem crescendo o número de RIs, 50% nos últimos 7 anos;
  • 72 RIs no Sudeste, 70 no Nordeste, 41 no Sul, 29 no Centro-Oeste e 20 no Norte;
  • Ações para valorizar as SRs e RIs, como por exemplo benefícios por indicação de associados;
  • Escolas Regionais temáticas (ligadas às CEs) e não temáticas, 15 SRs envolvidas no último ano;
  • Trabalho de aproximação entre CEs e SRs, propondo levar eventos regionais temáticos para outras regiões;
  • Aprimoramento do formato da apresentação da SBC aos novos estudantes (aula inaugural);

Na sequência, Viterbo falou sobre o GT do JEMS.

Reunião SRs:

Duduchi deu as boas-vindas e primeiro passou a palavra para o Carlos Ferreira, Diretor de Competições Científicas:

  • Maratona realizada em 44 sedes, alguns estados não tiveram sede e isso será conversado;

Duduchi apresentou alguns dados das regionais:

  • 25 SRs
  • 233 RIs (Institucionais)
  • 8 REs (Estdantis)
  • O número de RIs vinha aumentando até 2022, pra 2023 caiu
  • Apresentou gráficos que mostraram percentuais de fundos mantenedores (ES no meio do gráfico) e de total de associados por região (ES como 4º último no gráfico), mencionando que levar eventos para a região contribui para ambos
  • É possível olhar pelo ROS (sistema de secretarias) quais são as áreas de interesse dos associados da região para planejar os eventos por exemplo
  • Mostrou o percentual de associados que indica a filiação (indica quem é o seu RI). ES com 75% de associados com indicação de RI;
  • Quantidade de RIs por estado: ES pouco abaixo da metade (~ 15º);

Passou a palavra para Alírio, Diretor de Comunicação:

  • Pediu para marcar o perfil da SBC nas redes sociais quando divulgar ações da SR;
  • Em caso de dúvidas, entrar em contato com a Comunicação da SBC que há manuais de uso das redes sociais;

Desafios para 2022-2023 e resultados:

  • Ampliar o número de REs (32 -> 8)
  • Ampliar o número de RIs (241 -> 233)
  • Ampliar o número de Alunos Destaque (89 -> 84 -> 80)
  • Ampliar o número de associados
  • Filiar os associados
  • Voltar aos eventos presenciais
  • Ampliar o número de escolas regionais organizadas pelas SRs
  • Considerar a possibilidade de realizar essas escolas agrupando regionais próximas
  • Presença e divulgação dos secretários nos eventos nacionais das CEs da SBC.

Discussão sobre participação dos SRs com os eventos na região:

  • O SR é avisado e pode entrar em contato com o organizador
  • Sugestão de oferecer já alguns tipos de ajuda, como divulgação do evento pelos RIs, tentar conseguir estudantes voluntários, etc.
  • Sugestão da sinergia ser trabalhada de cima, entre os diretores de CEs e SRs

Informes:

  • Importância de divulgar a SBC Horizontes e a SOL
  • SR Destaque 2023: Jean Felipe e Andréa – Regional RS
  • RIs Destaque 2023: IFAL, UFF, UFG, UNB e UFPE

Sugestão: criar o e-mail sbc-sr-es@gmail.com

Passou a palavra para a Eunice, Diretora de SRs da chapa eleita, que falou um pouco do futuro da diretoria. Após fazer com a Diretoria da SBC o planejamento da Diretoria de SRs, vai começar a entrar em contato com cada SR para organizar o trabalho (por volta de setembro-outubro provavelmente). Conta com a compreensão de todos no momento de transição e com a colaboração para o trabalho no futuro.

Reunião CAPES e CNPq

Teresa e Avelino fizeram a mesma apresentação que já haviam feito ao Fórum PG.

Sessão de perguntas:

  • Macedo (presidente da SBC) disse que PQ e Universal são os programas que mais chamam atenção. Quais são os objetivos destes programas? Eles vem sendo monitorados? Vem sendo alcançados? Se não, o que precisaria ser feito? R: até onde Teresa sabe, não há esta avaliação. Fez então uma reflexão pessoal, falando do impacto financeiro da bolsa PQ que já não é o mesmo que já foi no passado, que hoje também já não há verba para conceder a bolsa a todos que tem mérito, etc.
  • Macedo então propôs uma reflexão ao CNPq sobre os objetivos que estes programas deveriam ter no contexto atual e se o que é feito hoje é o melhor caminho para alcançar estes objetivos. Relatou a sensação de que a corrida por produtividade afasta pesquisadores de ações que são importantes para a pesquisa no país, mas que não trazem resultados rápidos em termos dos indicadores considerados por estes editais;
  • Ainda com a palavra, Macedo falou que com relação à avaliação dos PPGs feitas pela CAPES, a Computação possui um aspecto sazonal, por exemplo o atual aquecimento do mercado, que impacta os programas. Também houve a COVID, que afetou a todos. A CAPES está olhando estas questões? R: Avelino inicialmente convidou toda a comunidade a contribuir com formas de avaliação qualitativa dos programas de pós-graduação. Também convidou a todos para observarem os gráficos incluídos no relatório final da Avaliação Quadrienal, que mostra o nome dos programas e permite que todos vejam que não são só os dados quantitativos que determinam as notas dos programas. Quanto aos impactos da COVID, é algo que está no radar da CAPES para todas as áreas agora no Seminário de Meio Termo. Em particular a questão da sazonalidade é uma preocupação na área da Computação.
  • Fubica (UFCG) disse que a decisão de se usar índices quantitativos no passado levou aos problemas que estamos vendo hoje e foram citados nas apresentações (como más práticas editoriais ou collusion rings), pois as métricas quantitativas são mais fáceis de serem manipuladas. Mudar a forma como a comunidade vê essa questão exigirá um esforço muito grande. O que as agências têm pensado sobre isso? R: Avelino disse que não é uma questão fácil e acha que a comunidade deve se organizar para discuti-la e levar às agências as sugestões para modificar esta realidade, pois é difícil que uma mudança brusca aconteça “de cima para baixo”. Já fez essa sugestão ao Fórum PG e faz agora à SBC como um todo. Além disso, é preciso mudar a atitude de cada pessoa/programa/etc. na prática. Por exemplo, o Qualis. “O Qualis é um monstro que foi criado na CAPES e a CAPES não domina mais”. Devemos parar de usá-lo para olhar para frente (por ser um instrumento feito para olhar para trás) e, principalmente, parar de usá-lo para avaliar pesquisadores, pois isso é perverso. Teresa relatou que para o CNPq a ordem de grandeza do que se tem que avaliar é menor (~400 pesquisadores e não dezenas de programas inteiros), então já é feita uma avaliação qualitativa, por ser mais simples.
  • Palazzo (UFRGS) comentou sobre uma certa “esquizofrenia” da CAPES e do CNPq sobre o papel de cada um. Por exemplo, o uso de indicadores de orientação em editais do CNPq, sendo uma agência de pesquisa e não de pós-graduação como a CAPES. R: Teresa disse que já concordou com Palazzo no passado, porém ao longo dos anos foi convencida que a formação de novos pesquisadores é importante também neste contexto.
  • Palazzo perguntou ainda ao Avelino se a CAPES está fazendo análises demográficas para guiar as discussões sobre avaliação de programas. R: o Diretor de Avaliação da CAPES apresentou recentemente exatamente isso, análises demográficas para guiar as discussões para o futuro. É uma preocupação e será sim levado em consideração.
  • Sem defender um ou outro lado, Maldonado (USP) trouxe um outro ponto de vista, considerando a escalabilidade da avaliação. Relatou que a área cresceu muito ao longo das últimas décadas, o que levou à criação de métricas mais escaláveis como o Qualis. Recentemente com o novo modelo ele agora é relacionado a métricas internacionais de impacto. É visível que algumas pessoas o usam de forma errada e é preciso educar para um bom uso. Colocou pra reflexão: retirando o Qualis, como lidar com a questão de escalabilidade? Também falou da importância da formação de recursos humanos, aproveitando para criticar a nomenclatura de Mestrado/Doutorado Profissional (ele vê como um curso de ciência — em nosso caso Computação — aplicada, não era preciso criar uma nova categoria).
  • Navaux (UFRGS) opinou que não existe modelo perfeito e nunca haverá unanimidade. Lembrou do histórico e do papel que o Qualis teve no reconhecimento da área de Computação na CAPES, no reconhecimento da importância dos eventos, etc. É importante discutir e tentar melhorá-lo, porém é preciso fazer propostas e não só derrubar o Qualis sem substituí-lo por algo melhor para o que ele se propõe.
  • Palazzo comentou então que de fato o Qualis é um bom indicador para o que se propõe, o problema são as deturpações que ocorrem. Por exemplo, há instituições que não possuem programas de pós-graduação que usam o Qualis pra avaliar docentes em seus concursos. Isso é uma deturpação.
  • Thais (UFRN) disse que várias pessoas a tem abordado perguntando qual a posição que a SBC terá perante à CAPES sobre o Qualis. Não se deve esperar da SBC uma posição de que a Computação não quer usar o Qualis. Concorda que é preciso educar as pessoas para um bom uso do Qualis (isso sim seria algo a se posicionar) e também colaborar para melhorar os mecanismos.
  • Avelino disse que o acúmulo de atividades não permitiu que este assunto fosse discutido no CTC, mas ele será em breve discutido. Apresentou os números de produções bibliográficas qualificadas no último quadriênio para dar uma noção do trabalho. Falou também da luta para convencer a todos sobre a importância de qualificar eventos, mencionando que no Scholar dos 10 veículos com maior H5, 3 são eventos da Computação.
  • Fabíola (UFBA) comentou sobre a questão dos eventos, questionando se nesta “luta” não seria possível fazer com que o Lattes mostrasse a importância dos eventos. R: Avelino disse que vem trabalhando em algumas ações que poderiam contribuir com isso, mencionando avanços que já ocorreram no passado. Mencionou um deles como exemplo: apesar de ser contra ter uma lista Qualis ao final da Quadrienal, visto que a lista existe ele vem solicitando que ela inclua os eventos que qualificamos na área da Computação.
  • Voltando às questões demográficas, foi trazido o exemplo do doutorado em colaboração UFMA-UFPI, relatando dificuldade de atender certos indicadores que são os mesmos para regiões com realidades muito diferentes. R: Avelino relatou que em discussão recente, o CTC discutiu a questão de assimetrias, inclusive foi sugerido que todas as áreas incluíssem em seus documentos de APCN quais questões de assimetria seriam levadas em consideração. Isso também será discutido para o documento de área para a avaliação do próximo quadriênio (2025-2028). São discussões que tem sido muito ricas na CAPES.
  • Como o CNPq aloca as bolsas PQ entre as áreas? É realmente proporcional ao número de submissões da área? Se sim, não deveríamos nos organizar para mandar o máximo de submissões possível? R: Teresa disse que nos editais em geral (tirando PQ a parte) é feita sim pela quantidade de submissões qualificadas. No edital PQ existem as cotas (relacionadas ao número de PQs atuais de cada área). Nos últimos anos, o coordenador da grande área em que a Computação está incluída (o Alexandre) trabalhou para o aumento da quantidade de bolsas da Computação, pela quantidade de submissões qualificadas e bem avaliadas em nossa área. Avelino aproveitou pra dizer que na CAPES existem fórmulas para calcular a distribuição de verbas.

Painel em Conjunto – WEI + WIT

Tema: Computação para o Bem – Promoção, Iniciativas e Desafios

Painelistas: Juliana Saraiva (UFPB), Yuri Malheiros (UFPB) e Claudia Lage Rebello da Motta (UFRJ) – Mediação: Elloá B. Guedes (UEA)

Elloá iniciou a mediação trazendo o conceito de Computação para o Bem (Computing for the Good — C4G), que é o esforço para aproveitar a Computação para estudar e abordar problemas sociais urgentes. Existem 3 grandes frentes para promoção da C4G: educação; melhorar a tecnologia; e implantar soluções de C4G. 

Em seguida, formou a mesa com os painelistas e iniciou com uma primeira pergunta para Juliana: em nosso país, há muitos elogios para algumas das nossas legislações (a exemplo da própria Constituição, Estatuto da Criança, do Idoso, etc.). Como está nossa legislação em termos de C4G? Juliana disse que não temos a melhor legislação para promover a C4G, porém temos sim legislações bem avançadas para subsidiar os trabalhos (a exemplo das já citadas, mas também por exemplo a LGPD, a Lei de Software, Lei de Crimes Cibernéticos, fora os que estão em discussão, como o Marco Legal da IA). Porém há também uma lentidão na aplicação das leis mais recentes. Além disso, estamos discutindo essas leis em nossos contextos de trabalho, quando ensinamos e/ou fazendo Computação? Deixou então uma provocação: a legislação existe, nós a conhecemos?

Na sequência Elloá fez um pergunta para Yuri: a popularidade da IA vem crescendo muito nos últimos tempos, mas também a discussão sobre o mal uso da mesma, como por exemplo os deep fakes. Mas parece que “baixamos a guarda” em termos de fornecer nossos dados e imagem para estas ferramentas de IA. Por que? E qual o papel da IA na C4G? Yuri disse que a IA muitas vezes é vista como a “Computação para o Mal” (um pouco influenciado por Hollywood por exemplo). Tem chamado muita atenção ultimamente, saindo na grande mídia, etc. É uma tecnologia poderosa e, como toda tecnologia poderosa, pode ser usada para o bem e para o mal. Não faz sentido pedir para que parem os avanços na IA por conta do receio dela ser usada para o mal. Precisamos, sim, falar de legislação, etc. Mas tem muita coisa boa que pode ser feita por meio da IA, a exemplo do seu uso para ajudar no diagnóstico de câncer e em última instância salvar vidas.

Elloá fez então pediu à Cláudia para falar um pouco sobre o legado dos 45 anos da SBC em sua atuação no desenvolvimento da Computação no Brasil, em especial em relação à educação e como a SBC se relaciona com a ideia de C4G? Cláudia falou das ações da SBC na educação, como os referenciais teóricos propostos nos últimos anos, a criação do WIT há 17 anos para tratar a questão das mulheres na tecnologia, a inclusão da Computação (pensamento computacional) na base nacional comum curricular, etc. Ressaltou que a SBC não é apenas a diretoria e o conselho, mas todos nós, que podemos levar as diversas bandeiras da comunidade em nossa atuação pessoal e profissional.

Itana complementou com outras ações da SBC que podem ser consideradas no contexto de C4G: a criação e manutenção da SOL, o manifesto pelo meio-ambiente, a atuação da SBC com a questão das urnas eletrônicas e a questão da privatização do SERPRO e DATAPREV. O CSBC é uma oportunidade para que as pessoas venham não só numa posição individualista, para apenas apresentar seu trabalho, mas numa posição coletiva para contribuir com a sociedade.

Elloá fez mais uma pergunta ao Yuri: as soluções de IA que vem se popularizando usam modelos altamente complexos, geralmente tipo “caixa preta”. Há pesquisas no sentido de auxiliar na explicação dos resultados produzidos por estes algoritmos? Isso seria importante para os casos, por exemplo, em que tais resultados sejam enviesados contra grupos minorizados. Como podemos fazer para produzir algoritmos que não sejam enviesados. Yuri respondeu que realmente é um desafio, mas não significa que é impossível. É um tema de pesquisa cada vez mais presente. No caso das soluções enviesadas, hoje culpa-se muito os dados, dizendo que eles representam a sociedade, que é enviesada. Porém existem estudos para tentar remover ou amenizar os vieses. Uma ação que vem sendo feita é a identificação de pontos de viés e geração sintética de dados para compensar os vieses.

Em seguida Elloá perguntou à Cláudia sobre os próximos passos e iniciativas da SBC para trabalhar a participação das mulheres na Computação, algo que já vem sendo trabalhado pela SBC há alguns anos (a exemplo do próprio WIT). Cláudia disse que de fato essa é uma preocupação da SBC há um tempo, mas que ainda há muitos desafios, a exemplo da participação das pessoas negras também.  Mencionou algumas experiências e iniciativas relacionadas a esta questão.

Por fim, Elloá perguntou à Juliana sobre como educar nossos estudantes para as questões de C4G conversadas neste painel. Juliana falou da responsabilidade de cada um de levar as questões que foram faladas neste painel para o nosso dia a dia profissional. A SBC propicia esta discussão para que possamos multiplicar esta semente. Outra coisa a se pensar é que a Computação muitas vezes é ciência meio para outras áreas das quais não somos especialistas, o que apresenta um desafio a mais na atuação ética. Por isso, este painel é premissa para todos envolvidos com Computação. A questão da explicabilidade da IA é algo que devemos ter muita atenção, pois é algo que vai gerar muito processo judicial, da mesma forma que o Direito do Consumidor inicialmente não era levado a sério e hoje gera inúmeros processos. E precisamos levar para casa a tarefa de explicar em linguagem natural para leigos. Para educar nossos estudantes, é preciso incluir nas ementas de todas as disciplinas conteúdos relacionados à C4G, de modo que a disciplina específica de Ética seja apenas para consolidar tudo que foi visto de forma distribuída.

Sessão de perguntas:

  • Como a Computação pode pensar a educação da C4G também na Educação Básica, na construção de valores? R: Cláudia disse que a organização deste painel é um ponto de partida para levar a questão para as diretorias da SBC para reflexão e proposta de ações e discussão com a comunidade. Juliana acha que na Educação Básica é necessário ter um componente integrador para trabalhar estas questões, adaptando para cada etapa do ensino. Importante trabalhar também com os pais.
  • Como a C4G poderia passar para uma discussão filosófica, para além de ética e moral, dialogando com a filosofia contemporânea? R: Yuri disse que de maneira geral nós da Computação somos muito técnicos e por vezes até desconsideramos as Ciências Humanas. Importante essa reflexão para irmos além da parte técnica, pois nossas soluções são aplicadas nos mais diferentes contextos, como já falado no painel.
  • Vocês conhecem alguma solução que eduque o usuário no bom uso da Computação? R: Elloá falou de um framework da IBM — 360 Fairness que auxilia internamente, mas de solução final não conhece. Juliana mencionou que as redes sociais como o Instagram possui algoritmos que impedem publicações que podem violar os termos de uso.
  • Não trabalhar estas questões na formação tem um impacto grande no mercado de trabalho. O que fazer para popularizar isso, conscientizando da importância de saber sobre questões C4G para o mercado de trabalho? R: Elloá defendeu usar a criatividade para instigar estas questões em disciplinas da graduação. É preciso esforço ativo de cada um, pois geralmente as instituições não dão apoio.

Assembleia Geral

O presidente da SBC, Raimundo Macêdo, iniciou a assembleia fazendo um relato das diversas ações de destaque da SBC durante sua gestão 2019-2023.

Passou a palavra para Renata Galante, Diretora Administrativa, que fez um relato geral das diversas diretorias da SBC nesta gestão. O relatório completo encontra-se na área de Documentos do site da SBC, na categoria Institucional > Relatórios Anuais (https://sbc.org.br/documentos-da-sbc/category/196-relatorios-anuais).

Em seguida, Carlos Ferraz, Diretor Financeiro, e Fernanda Jorge, Gerente Executiva, apresentaram o relatório financeiro da gestão. O relatório está disponível na seção “SBC Transparente” (https://sbc.org.br/23-institucional/2117-sbc-transparente) do site da SBC e a sede está disponível para o caso de dúvidas.

Na sequência, o coordenador do CSBC 2024 em Brasília, Marcelo Marotta (UnB), apresentou informações gerais sobre o evento, que será realizado de 21 a 26 de julho. Depois, os coordenadores do CSBC 2023, Francisco Daladier e Paulo Ditarso (IFPB), fizeram o relato do evento atual. Depois foi feita a entrega dos prêmios do Selo SBC.

Por fim, foi realizada a posse da nova Diretoria da SBC, eleita para o mandato 2023-2025. Também foram empossados os novos conselheiros eleitos.

WEI (Workshop de Educação em Computação)

Quarta-feira, 09/08/2023

Palestra “TCSE Distinguished Education Award 2023: conciliando a professora, a pesquisadora, a orientadora e a pessoa da UFAM”, com Tayana Conte

Tayana começou se apresentando, apresentando seu currículo e números de publicações e orientações, culminando no TCSE Distinguished Education Award que recebeu neste ano. Destacou que é a primeira pessoa da América Latina, o que significa que estes órgãos internacionais já estão começando a olhar para nós. A ideia de apresentar tudo isso é para mostrar que é possível chegar lá.

Relatou a história da sua formação, ressaltando que ao voltar do doutorado para a UFAM, fora as dificuldades pessoais, era a única pessoa de Engenharia de Software e IHC, com o desafio de construir um grupo de pesquisa do zero e atrair bons estudantes. Argumentou que para atrair bons estudantes é preciso ser um bom professor.

Começou então abordando este primeiro perfil, a professora. Como julgar se suas aulas estão realmente boas? Sua métrica: alunos que se empolgam pela área/disciplina. Claro que há turmas que gostam mais de uma área ou outra, mas se ninguém se empolga há alguns anos, é preciso refletir. Uma métrica derivada é: como os estudantes resolveram fazer mestrado/doutorado? A hipótese é que a grande maioria é atraída por uma disciplina de graduação que deixou uma boa marca (nota pessoal: me fez lembrar das aulas de Ricardo Falbo). Tayana propõe, então, a reflexão: que marcas as suas disciplinas deixam?

Do email de Mauro Oliveira, ganhador do prêmio LF da SBC (08/08/2023): “Aprendi com LF que podemos, sim, despertar no aluno o homem de bem que ele é, contagiá-lo com seu poder de mudar o mundo, de se importar com o outro…” — Isso começa com você se importando (com aqueles que valem a pena, claro).

Na sequência, passou para o segundo perfil, a orientadora. O que faz uma boa pessoa orientadora? Há um delicado equilíbrio entre apenas “mandar fazer” vs. fazer pelo orientado. O caminho para ser um orientador melhor envolve:

  • Conhecer o que é orientação: indicar a direção, nem só mandar fazer, nem fazer pelo outro;
  • Conhecer o outro: repare principalmente três coisas em seus orientados: capacidade, condições e vontade. Alunos ruins roubam o tempo de alunos bons;
  • Conhecer a si mesmo: qual é o seu estilo de orientação: inspiracional, controlador ou “laissez-faire” (passivo)? Você percebe seu estilo? Consegue ajustá-lo aos estudantes? Eles conseguem trabalhar com seu estilo?

Terceiro perfil, a pesquisadora. Como aprender a ser uma melhor pessoa pesquisadora? Tayana argumenta que revisar trabalhos dos outros ajuda a “treinar seu cérebro” para escrever melhores artigos. Também contribui ir aos (bons) eventos, encontrar seus mentores, conhecer pessoas e iniciar colaborações. E lembre-se: resiliência (importante para todos os casos, mas vital para o pesquisador), pois haverá muita crítica e rejeição também.

Último perfil, a pessoa. Tayana resume em uma frase: “A vida é grande demais para caber no Lattes”. 

Ressaltou, por fim, que todos as suas conquistas, em especial o prêmio, foram conquistas de uma pessoa brasileira, uma mulher, uma pessoa do Norte. Se a Filha do Norte consegue, você também.

Sessão Técnica

Alinne Souza (UTFPR-Dois Vizinhos) apresentou “PMBOK Game II: Um Jogo Educacional para Apoiar o Ensino de Gestão de Projetos de Software”. A motivação para o trabalho era a falta de motivação dos estudantes na disciplina de Gestão de Projetos, considerada cansativa. Propõem então o PMBOK Game II, uma evolução de um jogo proposto anteriormente. O manual do jogo está disponível em http://www.qrfy.com/-zmdQZYCuB.  Foi realizado um Estudo de Caso exploratório para avaliar a qualidade do jogo em relação à motivação, experiência do jogador e percepção da aprendizagem, com bons resultados.

Ariany Maia (UFC) apresentou “Adotando aulas invertidas e gamificação no ensino de Qualidade de Processos de Software com foco no MPS.BR”. A motivação é similar ao trabalho anterior, partindo da observação de que os métodos clássicos de ensino não estão alcançando bons resultados. O trabalho usa então conceitos de Sala de Aula Invertida e Gamificação, na plataforma Classcraft (jogo de interpretação de papeis online e gratuito) para o ensino de MPS.BR (qualidade de software). A proposta foi aplicada numa turma de 40 estudantes na UFC. A avaliação foi feita por meio de coleta de feedback por formulário online e uma dinâmica de post-its, com avaliação de pontos positivos e negativos. Mais de 70% dos respondentes indicaram preferir o método de Sala de Aula Invertida e todos indicaram uma melhoria na motivação para a disciplina por conta do método aplicado.

Fabiane Benitti (UFSC) apresentou “Mike, help me!: um jogo para apoio ao processo de ensino-aprendizagem de técnica de especificação de requisitos de software”.  O trabalho é motivado pela demanda de bons profissionais de tecnologia e a percepção de que a Engenharia de Software é ensinada muitas vezes de forma superficial e distante das necessidades do mercado. Em particular, não há propostas na literatura para auxiliar no ensino de histórias de usuário, método mais popular para Engenharia de Requisitos nas empresas. Propõe-se, então, o jogo online e multijogador chamado “Mike, help me!” (homenagem a Mike Cohen), construído para dispositivos móveis e com o objetivo de trabalhar conceitos de história de usuário (sua estrutura e critérios de qualidade). O jogo foi experimentado numa disciplina da UFSC com 22 participantes, com bons resultados: o jogo auxiliou na compreensão da estrutura de uma história de usuário. O código-fonte está disponível em https://github.com/joaovenancio/mike-help-me.

Nilson Lazarin (UFF, CEFET-RJ) apresentou “Towards a Toolkit for Teaching AI Supported by Robotic-agents: Proposal and first impressions”. Os autores advogam o uso do paradigma BDI (Behavior, Desire, Intention) para o ensino do pensamento computacional. O trabalho então propõe um método e ferramentas (SO, rede, IDE, etc.) para o desenvolvimento de agentes inteligentes (BDI) para ensino de IA. Informações do projeto podem ser vistas em https://github.com/chon-group/bot2WD e a sua aplicação prática tem baixo custo, para facilitar sua adesão. A proposta foi aplicada na prática em 3 sessões com perfis diferentes (de estudantes a especialistas), com bons resultados.

Sexta-feira, 11/08/2023

Palestra “Do físico ao digital e do individual ao social: reflexões sobre os desafios para a avaliação do ensino e aprendizagem”, de Roberto Pereira (UFPR).

Roberto dividiu sua fala em 4 partes, a primeira sendo experiências observadas e vividas. Começou refletindo como as pessoas aprendem a partir de observação e lembrança de como as crianças aprendem. Por mais desafiador que seja ensinar e aprender, estamos sempre fazendo isso de uma forma ou outra. Concluiu perguntando: o que isso tem a ver com uma disciplina em Introdução à Computação?

Passando para a segunda parte, a prática, falou da reforma curricular feita na UFPR em 2017 no contexto dos cursos de Ciência da Computação e Informática Biomédica. A disciplina de introdução foi então criada para exercitar algumas habilidades que acharam essenciais para o restante do curso e para a vida profissional dos estudantes: solução de problemas, contexto situado e comportamento profissional. O objetivo era promover o pensamento crítico responsável. O intuito era também incomodar as pessoas para que se mexessem. 

Na pandemia o digital ficou mais explícito a partir do uso das plataformas para o ensino remoto. Neste momento se perde um pouco a noção do físico (onde cada estudante se encontrava participando da aula) e o social. No retorno ao ensino presencial, refletiram: como aproveitar melhor os mundos físico e digital, os aspectos individual e social? Criaram então um universo (cenário distópico), a Liga do Pensamento Computacional, e separaram o curso em 13 fases, que iam se revelando a cada semana. A cada fase se trabalhavam os conteúdos, se revelava mais algum aspecto da história do cenário distópico e se faziam provocações éticas para discussão.

Relatos destas práticas podem ser lidos em artigos do Roberto no WEI 2021 e 2023 e também no EduComp 2023.

Seguindo para a parte 3, experiências exemplificadas, detalhou uma das fases da Liga do Pensamento Computacional. Técnicas de gamificação são utilizadas para instigar a curiosidade sobre o conteúdo e o trabalho colaborativo.

Na parte final da palestra, experiências como reflexões, Roberto falou um pouco de como a avaliação é feita na disciplina: a cada atividade, os estudantes reivindicam XP e recebem feedback. Ao final, ao encontrar o “chefão” do jogo, descobrem que são eles mesmos e que precisam olhar para sua própria trajetória e fazer uma autoavaliação, reivindicando sua nota na disciplina. 

Refletiu, então, sobre como conectar os mundos físico e digital e os aspectos individuais e sociais, nestes dois eixos. Da mesma forma, há dois eixos das direções: experiência <-> significativa, gamificação tematizada <-> sala de aula estendida. O cenário detalhado na parte 3 demonstra isso.

Concluiu a palestra com algumas posições: ensinar/aprender é um desafio, mas fazemos isso constantemente; é preciso avaliar o papel da sala de aula, física, presencial neste novo contexto; se você como docente não está empolgado com a construção de sua disciplina, dificilmente os estudantes estarão.

Sessão de perguntas:

  • No seu NDE/departamento estão pensando em levar essa experiência para outras disciplinas mais para frente do curso? R: sim, algumas disciplinas como IA e Engenharia de Software já estão usando alguns materiais. O planejamento para a próxima reforma curricular é levar para toda a linha de TI. O objetivo é que a Computação Socialmente Consciente esteja no DNA do curso.
  • Os artefatos estão disponíveis? R: sim. Está tudo explicado como reproduzir na íntegra a disciplina, podendo ser adaptada a contextos locais.
  • O que é importante para aplicar a disciplina na prática? R: precisa da sintonia muito grande entre os docentes envolvidos. Mas o principal é todos reconhecerem a importância, pois a disciplina nos leva a sair do nosso modo tradicional. Trabalhar as turmas juntas é muito interessante, fazendo com que os docentes tenham que preparar as aulas juntos também.
  • Como dar conta da carga avaliativa com tudo mais que já temos que fazer como docentes? R: de fato a carga avaliativa é enorme, então os docentes exploram estratégias para lidar com isso. Estão ainda neste aprendizado.
  • Como trabalhar a autoavaliação com estudantes que não tem uma boa observação do próprio desempenho (estudantes muito rígidos consigo mesmos ou que não participam e ao final reivindicam notas altas)? R: a reivindicação do XP em cada fase ajuda, pois o total de XP é 100. Mas é preciso também fazer um ajuste na autoavaliação final. É trabalhoso, mas a reflexão em cada etapa auxilia no processo.
  • Já houve um rodízio de professores nesta disciplina? Seria importante também para os docentes entrar em contato com todos estes temas. Há monitores para auxiliar com a disciplina e qual o papel deles? R: já passaram pela disciplina 7 docentes e a ideia é sempre ter 2 novos colegas exatamente por essa questão de formação docente. Os docentes todos foram envolvidos também na construção da história, pois também aparecem nela. Como monitores, já houve participação de alunos de pós em Estágio de Docência.
  • A cada semestre as atualizações da disciplina envolve adição de novos materiais ou substituição para uma nova temática? R: há tanto adição (criação de ramos diferentes da história por exemplo) quanto modificações em algumas partes da história. Estão trabalhando o direcionamento dos estudantes com base no que acham que eles precisam ainda trabalhar.
  • Como a instituição vê essa nova abordagem sendo usada na disciplina? R:  não sabe se fora do departamento há consciência de como a disciplina está sendo abordada. No departamento há muito apoio. Há envolvimento também dos estudantes, por meio do CAI.
  • Considerando o começo da discussão até os materiais todos produzidos, quanto tempo foi investido? R: 2 meses para a primeira versão.
  • Vocês tem ideia de criar um arcabouço do método de ensino, para além dos artefatos específicos desta disciplina? R: os dois trabalhos publicados ancorados em relatórios técnicos são relatos de experiência que podem ajudar pessoas a replicar em seus contextos. Pretendem continuar trabalhando neste sentido.