Vítor E. Silva Souza

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Curriculum Vitae (CNPq Lattes) Google Scholar

Seja de graduação (IC, PG, extensão), mestrado ou doutorado, as dicas abaixo valem pra qualquer aluno(a) que esteja sendo por mim orientado(a).

Integre-se ao grupo de pesquisa

A participação em um grupo de pesquisa é muito importante, pois permite o compartilhamento de conhecimento e enriquece a experiência do(a) aluno(a), seja numa IC, num PG, projeto de extensão ou pós-graduação.

Sugere-se, portanto, que você integre-se ao NEMO (Núcleo de Estudos em Modelagem Conceitual e Ontologias), de diferentes formas:

  • Conheça os(as) alunos(as) do grupo e faça amizades. Frequente o laboratório (CT-7, sala 11) e verifique se há espaço para que você trabalhe ali diariamente. Caso contrário, pergunte pelo Nemo Extension;
  • Participe de eventuais seminários convocados por algum membro do grupo para apresentação de seu trabalho. Considere apresentar um seminário você também sobre o seu trabalho, quando ele já estiver mais adiantado. Se você tiver que fazer alguma apresentação oral em breve (ex.: defesa, apresentação de artigo), é interessante fazer um test-drive da apresentação para seus colegas para treinamento e ajustes;
  • Assista às jornadas de IC, apresentações de PG, defesas de mestrado/doutorado de colegas de grupo, para ver como funcionam e ter exemplos de trabalhos bem feitos (e outros nem tão bem feitos assim), julgando a partir dos comentários dos membros da banca. Se você irá enfrentar uma banca daquele tipo no futuro, poderá se preparar melhor para o que te espera;
  • Quando tiver dúvidas e ainda faltar um tempo para a próxima reunião comigo, tente resolvê-las com colegas de grupo. Muitas vezes outros colegas já passaram pelos problemas/dúvidas que você está passando e podem ajudar. Em especial quando são dúvidas mais práticas ou sobre procedimentos burocráticos é mais provável que os seus colegas no NEMO saibam mais do que eu sobre o assunto.

Desenvolva sua habilidade de escrita

Não é minha função corrigir seu texto em termos de ortografia ou sintaxe. Correções e melhorias em geral são esperadas, mas ter que reescrever trechos grandes de seu trabalho não.

Para evitar perda de tempo com questões de formatação, citação de trabalhos e referências cruzadas, artigos e a dissertação de mestrado devem ser escritos utilizando a ferramenta LaTeX. Para ajudar, preparei templates LaTeX para diversos tipos de documento, muitos deles baseados no projeto abnTeX2, que já formata o documento seguindo os padrões da ABNT. Veja também a seção sobre o uso do LaTeX, abaixo. Praticamente toda conferência/periódico na Ciência da Computação oferece modelos LaTeX para artigos submetidos.

Se você tiver dificuldade em escrever (em português ou em inglês), procure cursos de redação de trabalhos acadêmicos, cursos de inglês ou até mesmo considere contratar alguém para revisar seu texto antes de mandá-lo a mim. Uma boa ideia é encontrar algum(a) colega do NEMO ou de curso que queira formar uma dupla com você em que um revisa o texto do(a) outro(a) sempre que necessário. Revisar o texto antes de submetê-lo é fundamental, como descrito a seguir.

Revise bem seus documentos

Ao escrever qualquer documento, é muito importante que você utilize um corretor ortográfico. Enviar documentos com erros simples de digitação ou de português que poderiam ser capturados por corretores automáticos é sinal de que você não está levando o trabalho a sério. Caso esteja usando um editor que não possui corretor ortográfico, copie e cole o texto em um editor que possua esse recurso e utilize-o.

Além do corretor ortográfico, revise seu documento para garantir que não há erros simples, que você mesmo poderia capturar antes de enviá-lo a mim. Um trabalho que exige muitas correções simples de minha parte demora mais para retornar a você, pois se torna cansativo de revisar. Quanto melhor o documento enviado, mais rápido você o recebe de volta para continuar seu trabalho. Em casos extremos, pode ser que eu me recuse a revisar o texto até que ele tenha um mínimo de qualidade.

Quaisquer documentos (relatórios, documentação técnica, artigo, etc.) enviados a mim poderão sofrer revisão e retornar a você para que efetue melhorias e modificações. Há um protocolo para que a revisão ocorra sem se perder nada e para evitar retrabalho. Quando for começar a escrever algum documento que irá passar por este processo, leia atentamente as instruções deste post no meu blog.

Use bem o LaTeX

Editores como o Word e o Writer são muito poderosos e versáteis. Porém, em determinadas situações, é mais indicado usar uma ferramenta que guie a escrita do documento de forma mais estruturada. O LaTeX é uma ferramenta desse tipo, que força o(a) autor(a) a concentrar-se no conteúdo, enquanto a ferramenta lida com toda a parte de formatação. Um exemplo simples de documento LaTeX pode ser visto neste site.

A menos que seja obrigatório o uso de um template em outro formato, todo documento científico deverá ser escrito com o uso do LaTeX. Por documento científico me refiro a artigos a serem submetidos para publicação em conferências/periódicos ou algum dos documentos cujo template encontra-se disponível no meu repositório de modelos LaTeX. Acesse este repositório e saiba quais templates estão disponíveis. Caso você sinta falta de algum template, pode me perguntar se existe ou pode contribuir com um.

Após um esforço inicial de acostumar-se a um editor não WYSIWYG, o LaTeX te livra de uma série de preocupações:

  • Não é necessário preocupar-se com questões de formatação: qual é o tipo de tamanho das fontes, espaçamento, primeira linha, margens da página, etc. Vários leiautes prontos encontram-se disponíveis, praticamente toda conferência e periódico oferece templates prontos, evitando que o artigo seja rejeitado por má formatação;
  • Seções, tabelas, listagens, figuras todas recebem um nome e as referências cruzadas no código-fonte são feitas a esse nome, sendo transformadas automaticamente pelo LaTeX para o número adequado, autualizando-o automaticamente quando este muda;
  • Referências bibliográficas com BibTeX são gerenciadas automaticamente, adicionando a citação onde você indicar e criando a seção de referências automaticamente somente com os trabalhos citados;
  • Escrita de equações matemáticas e uso de símbolos especiais (letras gregas, por exemplo) é mais simples com LaTeX do que em editores WYSIWYG como Word e Writer. A ferramenta Detexify permite que você desenhe um símbolo e ele te diga o código LaTeX equivalente. O documento The Comprehensive LaTeX Symbol List também é uma boa referência.

Na minha opinião, a única área que o LaTeX dificulta muito a vida do(a) autor(a) é no uso de tabelas, em especial tabelas complexas com muitas células mescladas e formatação especial. Em certos casos, é mais fácil produzir a tabela em outro editor e gerar uma imagem da mesma, inserindo-a como uma figura no documento. Há na Internet geradores de tabela que podem ajudar.

Tutoriais sobre LaTeX e BibTeX podem ser encontrados facilmente na Internet. Na página oficial do LaTeX há um link para uma The (Not So) Short Introduction to LaTeX2e como tutorial LaTeX e a Wikipedia cita o artigo Bibliographies with BibTeX como tutorial do BibTeX. No meu repositório de modelos LaTeX alguns modelos (ex.: monografia, dissertação e tese) vêm com algumas dicas de LaTeX escritas no primeiro capítulo ou em um apêndice que vale a pena ler com cuidado para aprender o básico.

Alguns editores que facilitam o trabalho de escrever em LaTeX: TeXstudio (que eu atualmente uso e recomendo), TexmakerTeXworksTeXShop (este último somente para MacOS). Ambientes online como o Overleaf permitem a edição de LaTeX de maneira colaborativa, porém são menos eficientes no processo de escrita-compilação-visualização. Sempre que possível dou preferência a um editor offline.

A instalação de um editor, no entanto, pode não trazer junto a plataforma LaTeX (com o compilador, suas bibliotecas, pacotes, etc.), que também será necessária para a edição de documentos nesse formato. O site do abnTeX2, que utilizo como base para os modelos de monografia (projeto de graduação, dissertação, tese), traz orientações de instalação do LaTeX e do abnTeX2, que pode te ajudar a configurar o ambiente inicial.

Por fim, o site writeLaTeX pode te auxiliar a aprender LaTeX a partir de exemplos. A seção TeX do Stack Exchange funciona como um Stack Overflow para TeX e é um ótimo local para procurar respostas e, caso não as encontre, perguntar.

Gerencie os artigos que você lê com um gerenciador de referências

Durante a produção de um trabalho acadêmico, principalmente de mestrado e doutorado (mas pode-se começar mais cedo também!), um(a) aluno(a) deve ler muitos artigos, relatórios técnicos, capítulos de livro e documentos em geral. Depois de uma certa quantidade, pode ser difícil lembrar dos artigos que já leu para poder citá-los quando desejado. Sugere-se, então, o uso de alguma ferramenta de gerenciamento de bibliografia (gerenciador de referências ou reference manager). 

Pessoalmente, eu uso e recomendo o Zotero. Fazendo seu cadastro, você pode usar o Zotero via Web diretamente ou instalar uma versão desktop, que permite que você gerencie sua biblioteca de artigos offline e sincronize com sua conta no site quando quiser. Há também plug-ins para os navegadores Web mais usados.

Algumas funcionalidades interessantes da ferramenta: registra entradas bibliográficas (ex.: artigos), salva os PDFs na nuvem (sincronizando em diferentes dispositivos), categorização por tipo (ex.: artigo de conferência, de periódico, capítulo de livro, etc.), registro de informações bibliográficas (ex.: nome da conferência, ano, páginas, etc.), criação e atribuição de etiquetas (tags), busca (simples e avançada), exportação das referências em diversos formatos, inclusive BibTeX.

Quando escrevo artigos e outros documentos em LaTeX, eu geralmente uso um arquivo BibTeX único onde mantenho toda a minha bibliografia. Quando preciso fazer uma citação em um artigo, vejo se já tenho ele no meu arquivo BibTeX central. Caso ainda não tenha, vejo se já cadastrei no Zotero, exporto ele em formato BibTeX, retiro os campos que acho desnecessários (abstract, keywords, note, file, etc.) e adiciono-o ao arquivo BibTeX.

Nunca deixe nada para a última hora!

Lembre-se que eu possuo várias outras responsabilidades: outros(a) alunos(as) orientados(as), dar aulas (e outras atividades didáticas), participar de comitês de programa (revisão de artigos), organizar eventos, escrever artigos, realizar outras pesquisas, cumprir meus próprios prazos, projetos de extensão, atividades administrativas, questões burocráticas e, além de tudo, também preciso de férias… 

Portanto, sempre que me mandar material para revisão, planeje-se para aguardar até 15 dias para obter retorno. Quando possível, retornarei mais rapidamente, mas dependendo do tamanho da fila de pendências, seu trabalho pode demorar um pouco a ser revisado. Não adianta enviar material para revisão do(a) orientador(a) dizendo que o prazo para entrega é o dia seguinte, pois com certeza eu já tenho várias outras tarefas na fila e não é justo que um(a) aluno(a) que não se planejou adequadamente passe na frente de outros(as).

Analogamente, caso você atrase o desenvolvimento do seu trabalho e, algum tempo depois, decida acelerar o ritmo para compensar o atraso, não espere que eu possa/queira acelerar o meu ritmo para poder te acompanhar. Não espere, por exemplo, que dê pra aumentar a frequência de reuniões, ou que eu responda e-mails mais rapidamente, ou ainda que eu trabalhe durante finais de semana, feriado ou férias.

Com relação a férias, aliás, é esperado que eu esteja de férias durante 30 dias no início do ano (durante o recesso de verão, geralmente o mês de janeiro), outros 10 a 15 dias no meio do ano (durante o recesso de inverno) e durante o período de festas de final de ano (Natal e Ano Novo). Não espere que eu responda e-mails de trabalho durante esses períodos.

Entenda o papel do(a) seu/sua orientador(a)

Inspirado nas dicas que a Monalessa dá a seus/suas orientados(as), é importante ressaltar (mesmo que o assunto já tenha sido tratado nas dicas anteriormente) que o(a) seu/sua orientador(a):

  • orienta o desenvolvimento do trabalho, ou seja, não é o(a) responsável por fazê-lo (sim, o responsável é você);
  • não deve ser considerado a sua única fonte de conhecimento, pois o conhecimento do(a) orientador(a) é limitado e o seu trabalho pode (às vezes deve) ir além do que é de conhecimento do(a) orientador(a);
  • alerta e orienta principalmente sobre a qualidade do trabalho, direções e oportunidades;
  • não é gerente de projeto, não sendo da responsabilidade do(a) orientador(a) elaborar cronograma detalhado para o desenvolvimento do seu trabalho e ficar monitorando se você cumpriu ou não as atividades. O(A) orientador(a) auxilia nesse sentido, mas o compromisso com o cronograma é primordialmente seu;
  • não é revisor de ortografia ou de redação, sendo de sua responsabilidade entregar textos bem escritos, como já falado acima;
  • tem outros orientados(as), dá aulas, participa de comitês, organiza eventos, escreve artigos, realiza outras pesquisas com outros pesquisadores, projetos de extensão, tem prazos que precisa cumprir, desempenha papéis administrativos, tem vida pessoal, precisa de férias… Em outras palavras, pode não estar imediatamente disponível caso você deixe algo para a última hora.

Entenda o perfil do(a) seu/sua orientador(a)

Como você já pôde perceber (por convivência comigo ou simplesmente por ler essa página), eu sou uma pessoa muito organizada e sistemática, valorizo muito a pontualidade, defendo a conformidade com as regras — não gosto de dar “jeitinho brasileiro” em nada e acho que as coisas deveriam funcionar na prática como estão no papel — e gosto do meu trabalho.

Entender esse meu perfil e agir de forma compatível vai te ajudar bastante enquanto você for meu/minha orientado(a). Alunos(as) desorganizados(as); que estão constantemente atrasados(as) ou procrastinando; que aparentam não estarem interessados(as) no trabalho; que rotineiramente produzem material de baixa qualidade; e/ou acham que as coisas no final podem ser resolvidas no “jeitinho” naturalmente serão considerados com menor prioridade dentre meu conjunto de alunos(as). 

Nessa relação orientador(a)-orientado(a), é pouco provável que eu mude o meu jeito para adequá-lo a cada um dos(as) meus/minhas alunos(as). Portanto cabe a você, aluno(a), adequar-se se quiser percorrer uma estrada com menos obstáculos no caminho. Pode parecer injusto, mas lembre-se que eu já fui aluno de iniciação científica, de projeto de graduação, de mestrado e de doutorado, me adequando a cada passo aos meus orientadores.

Apesar de não ser exatamente o mesmo, meu perfil é muito alinhado ao da profª. Monalessa, portanto vale a pena também ler as instruções que ela escreveu para seus/suas estudantes orientados(as). Eu já aproveitei muita coisa de lá para escrever esta página, porém é sempre bom reforçar. 🙂

Não tenha vergonha ou medo de falar

A relação orientador(a)-orientado(a) não precisa ser sisuda (séria, grave) e pode ser descontraída. No entanto, é antes de tudo uma relação profissional. Neste sentido, não tenha vergonha ou medo de falar nada, pois tudo que é falado com respeito é tratado de maneira profissional e, no máximo da minha capacidade, não será levado para o pessoal.

Além disso, caso esteja passando por algum momento difícil e precise de ajuda, pode também conversar comigo para podermos, se for o caso, adequar a forma de trabalhar ou acionar algum órgão da UFES que possa auxiliar com o caso específico.

Apesar de ser direcionado à pós-graduação, o artigo Vamos falar sobre a formação na pós-graduação em Computação? publicado na SBC Horizontes é uma leitura bem interessante para refletirmos e construirmos juntos um ambiente mais saudável na universidade como um todo. Contém comigo para conversar também sobre este assunto!

Que possamos ter, todos, uma excelente vida acadêmica!